Cearense mostra raça no Rally dos Sertões

Em entrevista, o piloto Lucas conta os bastidores da disputa acirrada entre UTVs no rally de velocidade

O Rally dos Sertões, fora a vista incrível de ponta a ponta, reserva adrenalina aos montes aos participantes. Não é à toa que é uma das disputas mais aguardadas e acirradas por quem compete no fora de estrada. Todos querem levar o troféu para casa. E quem esteve quase, por pouco, com o primeiro lugar nas mãos foi o cearense Lucas Barroso, ao lado do navegador Breno Rezende, na categoria de UTV. "A gente passa o ano inteiro se preparando para ela. É a segunda maior prova do cenário off-road, atrás só do Rally Dakar. É muito difícil e exige esforço físico e da máquina durante sete dias, com muito desgaste. Então, qualquer resultado que chegue ao fim da prova é um resultado bom", explica o piloto Lucas.

Apesar de ser um rally de velocidade, a tática foi maneirar no início. Diante de tantos obstáculos, acelerar poderia tornar-se o calcanhar de Aquiles para algumas duplas. Isso se provou verdade logo no primeiro dia, quando cinco equipes tiveram de sair da competição. "O Rally dos Sertões tem muitas pegadinhas. É preciso estar o tempo todo atento, com a adrenalina a mil, para passar por valas e pedras. O segredo é não acelerar tudo, não dar o máximo, é poupar o equipamento, até porque se não poupar, não se chega ao final", destaca Lucas.

Essa não é a sua primeira vez na disputa, mas foi a mais próxima do resultado almejado. Neste ano, em vez de muitos opcionais equipando o seu Maverick X3, preferiu levar o UTV o mais original possível, provando que não precisa ter muito para ter o melhor desempenho. Lembrando que é um modelo equipado com motor de 900cc de 156 cv de potência combinado ao câmbio CVT, com aceleração de zero a 85km/h em 4,9 segundos e máxima de 141 km/h.

"O pessoal investe, gasta muito. A gente já teve essa fase, em 2014 fizemos um veículo bacana, gastando muito. Porém, nós optamos a correr com um UTV praticamente todo original. Deu certo, conseguimos boa colocação, mas a maioria do grid investe numa preparação maior de performance, de suspensão e de conjunto de rodas", enfatiza.

O resultado: o segundo lugar mais alto do pódio. É um grande avanço visto que em sua primeira participação não completou a prova e, na segunda vez, ficou em quarto lugar. No entanto, essa conquista teve um leve gosto amargo no balanço geral, visto que por várias vezes estavam à frente na prova. "Ganhamos três especiais de sete disputadas, isso é um número bom. Andamos bem, forte, conseguimos poupar equipamento. Infelizmente no último dia, com nove quilômetros de prova, houve um probleminha que ocasionou em uma demora para resolver, que nos tirou a nossa vitória. Ficamos triste, já que estávamos liderando o rally praticamente todo, mas fica o recado: vamos nos preparar mais para no próximo ano virmos mais fortes, já que acaba aqui em Fortaleza", lembra.

Durante o percurso de Goiânia (GO) até Bonito (MS), em 3300 quilômetros de puro desafio, com 1999 km de trecho cronometrado, fora o belo cenário - que mal pôde aproveitar -, guardará na memória as mensagens recebidas de amigos e familiares durante toda a competição. "O que mais vai marcar foi a torcida, foi muito grande, tanto aqui como lá. Recebia mensagens diárias e eu só tenho a agradecer a todo mundo que torceu, foi um negócio que me motivava todo dia para correr. E o Sertões também é inigualável. A gente passa por cachoeiras e belas paisagens", pontua.

História

A sua trajetória iniciou há quatro anos, em 2013. "Competia muito de quadriciclo, desde os meus 13 anos de idade, e quando surgiu o UTV, eu vi que era tudo o que eu queria: adrenalina e a sensação de liberdade com segurança. Então, eu cai dentro. A minha base foi basicamente com quadriciclo", relembra. Nesse período, colecionou já algumas vitórias. "Fui campeão do Baja Nordeste, Baja Ceará, Baja Potiguar e agora vice-campeão do Rali dos Sertões, mas vamos nos esforçar ao máximo para sermos campeões dessa tão sonhada competição", elenca.

Quem deseja adentrar também nesse meio, a palavra-chave é persistência. "Com o UTV você tem que andar. Tem que fazer trilha, que passear, brincar, ir para as competições menores para adquirir a prática", orienta. E, claro, sem esquecer de usar no mínimo capacete e cinto de segurança. Agora, nada de descanso, é seguir suas próprias dicas e continuar praticando para próxima disputa.