América Latina de Kombi

Era para ser oito meses, mas a viagem foi muito além do planejado. Confira a história de Daniela e Rodrigo

A rotina em Florianópolis foi trocada pela vida em quatro rodas. A priori, o objetivo era contornar a américa do sul em oito meses a bordo de uma kombi, no entanto o roteiro às vezes era deixado de lado, segundo a viajante Daniela Pregardier, porque os destinos iam se revelando mais receptivos e bonitos. Assim, quando chegaram ao Ceará, completaram três anos de viagem.

Eles venderam tudo e programaram gastar cerca de mil dólares ao mês, mas viram que, na prática, podia ser menos. No entanto, ainda assim, improvisaram no percurso. "com dois meses percebemos que o nosso orçamento não ia dar, porque passávamos muito mais tempo nos lugares. A gente calculava quinze dias e virava um mês. Isso só foi se ampliando com o passar do tempo", relembra. "costumamos falar que ou a pessoa viaja com dinheiro ou tempo. Com o 'tempo', ela trabalha e vai produzindo durante a viagem, dando liberdade para poder ficar", destaca Daniela. E foi isso que fizeram: começaram a vender suas fotografias e incensos naturais, produzidos por eles, para pagar as despesas.

E ainda contaram com ajuda dos residentes, que geralmente cediam banheiro, wifi e amenidades outras, além de convidar muitas vezes para jantar ou almoçar. "a gente fala que não éramos visitas, sim, vizinhos. Estacionávamos a kombi e vivíamos com a galera", completa.

Aliás, não eram só nas paradas que haviam bons samaritanos no percurso. Como a kombi não era 4x4, deu trabalho durante a transamazônica, apesar que não fez feio em muitos terrenos off road.

"Para cruzarmos foram dezesseis dias para fazer 700 km. A gente encontrou muita dificuldade para chegar a Manaus, mas a gente sempre conta com a ajuda das pessoas", acrescenta o companheiro de viagem de Daniela, Eodrigo Matias.

Destinos

Fora do Brasil, foram para Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Colômbia e Equador. Não entraram na Venezuela pelas crises políticas. No geral, o começo foi de Santa Catarina até o Ushuaia, o ponto mais austral do continente, depois apenas paravam no ponto mais ao norte na Colômbia. De lá, desceram e entraram no Brasil pelo Acre em direção ao Nordeste.

"A gente resolveu viver a vida mais intensamente e se dedicar ao que a gente ama, que é viajar. É uma vida diferente que vale a pena", afirma Daniela. De todos os destinos cruzados, Jericoacoara está no topo dos preferidos. "Foi um local muito marcante. A gente chegou para passar apenas quinze dias e ficamos quase dois meses. Então, Jeri proveu muitas alegrias, muitos amigos e momentos inesquecíveis. Reencontramos um amigo nosso do Equador também, então foi linda essa experiência", lembra Rodrigo. "Também tem um outro lugar que a gente gostou muito que é Colares, que é uma ilha no Pará, é uma vila pequena, famosa por alguns de seus casos extraterrestres que houveram por lá. É um lugar lindo", adiciona.

Despedida

A contagem dos dias acabou no Ceará devido a um acidente com um caminhão. A perda total do veículo antecipou a volta para casa. Mas, as boas histórias e fotografias ficam, como a certeza de continuar a jornada em breve. "A gente quer continuar viajando, isso não é questionável; também é fato que será como uma casa rodande", enfatiza Daniela.

O casal está de volta a Florianópolis, já a Kombi, depois de muitos dias tentando conquistar a "custódia" com a seguradora, retornará para finalizar, em breve, a viagem em casa em breve. Agora, o momento é organizar as memórias e, depois de tanto tempo, rever a família.

Quem deseja seguir os trilhos do casal, Daniela deixa a dica: "Se quer viajar, a primeira coisa que se tem que fazer é marcar uma data e avisar para todo mundo, porque a pessoa nunca vai estar 100% pronta e vai aprender o que precisar na estrada. É mais barato e mais fácil do que se pode imaginar. E tem todas as coisas boas que a gente viveu, que a gente jamais poderia planejar", destaca, já saudosa.