Fruto de uma decisão estratégica, tomada no fim dos anos 1980, o Estado do Ceará dispõe, hoje, de um complexo industrial portuário com inúmeras possibilidades de ampliação. Localizado em ponto equidistante da Costa Leste dos EUA e dos portos mais ocidentais da Europa, esse complexo – dentro do qual foi implantada, com capitais brasileiros e coreanos, a mais moderna usina siderúrgica do País – é o ponto de atração dos novos investimentos privados. Ao seu redor, instalaram-se e seguem sendo instaladas plantas industriais dos mais diferentes setores da atividade econômica, incluindo as que fabricam equipamentos para a geração de energias renováveis, como a eólica. Investidores nacionais e estrangeiros admiram-se, quando aqui chegam, com as dimensões do chamado Complexo do Pecém, cujo porto “off-shore” (dentro do mar) é uma destacada vantagem comparativa diante dos seus concorrentes de Pernambuco e Bahia. É tão importante e tão estratégico, que o Porto de Roterdã agregou a ele seu capital e sua expertise, apostando nas imensas possibilidades de novos negócios industriais, marítimos e portuários. Neste momento, todavia, a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S/A) está diante de um inesperado problema, que é grave pelo prejuízo que pode causar às dezenas de empresas nele instaladas. Trata-se do acesso rodoviário ao Porto do Pecém e à sua área industrial. A antiga rodovia – a CE-155, construída há mais de 20 anos em pista simples – deteriorou-se. Trafegar por ela é, além de um exercício de paciência, correr riscos. As empresas de transporte – que levam e trazem as mercadorias que o Ceará exporta e importa – reclamam dos prejuízos que a precariedade da estrada causa à sua cara frota de caminhões pesados. As da operação portuária, por sua vez, acusam a quase intrafegabilidade da CE-155 como causa da redução de sua produtividade. Preocupada com a degeneração da CE-155, a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), por iniciativa do seu presidente Ricardo Cavalcante, promoveu quarta-feira, 29, uma reunião das autoridades do Governo estadual, responsáveis pela obra, com industriais exportadores e importadores e com empresários da construção pesada. Revelou-se a intenção do Governo de acelerar a obra de duplicação da estrada, com a promessa de concluí-la até o fim deste ano. As chuvas que desabam sobre a área do Pecém impedem a movimentação das máquinas e equipamentos do consórcio executor do serviço, o que faz agravar o quadro, ampliando os prejuízos dos transportadores. Há uma certeza: a rodovia CE-155 – que liga a BR-222 ao Porto do Pecém – tem de ser duplicada o mais urgentemente possível. Mas será necessário que essa providência se faça sob rígidos critérios técnicos, a começar pelos do seu projeto original, que tem erros reconhecidos pelo própria Superintendência de Obras Públicas (SOP). Como é urgente a duplicação, a SOP parece disposta a tocar o projeto, corrigindo erros que surgirem. Isso evitará que se consuma mais tempo com a burocracia de um novo processo de licitação. Espera-se que as partes interessadas convirjam para uma solução que una a brevidade com a rigidez da técnica.