Editorial: Crescimento que se impõe

Planejar, executar, colher resultados e compartilhá-los. Essa, com avaliações sistemáticas e eventuais correções de rumos, se necessário for, deve ser a trajetória adequada a projetos que se pretendem sérios e consequentes. Não se trata de uma fórmula romantizada ou limitada ao campo teórico, mas de um conceito que se faz indispensável a realizações em áreas públicas e privadas. Um tripé de medidas que sustenta experiências exitosas e, em geral, com repercussões positivas para contingentes expressivos de pessoas.

Pode-se aplicar a apreciação em estratégias como as que o Governo do Ceará tem anunciado para os próximos 30 anos. A ideia, conforme se apresenta, é ampliar a presença do Estado na riqueza nacional, alcançando índice de 4% do Produto Interno Bruto - que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País. Chama-se "Ceará Veloz" o conjunto das medidas projetadas com esse objetivo. Não é uma pretensão modesta, mas é cabível e exequível.

Ainda que pareça ousado, ressalte-se que o Ceará, a despeito de muitas dificuldades impostas por conjunturas desfavoráveis, já impôs a si ritmos alentados de desenvolvimento. Nos anos 1950 e 1960, verificou-se um impulso de crescimento significativamente representativo, assim como nos anos 1980. Há componentes de criatividade e de autêntico atrevimento que servem de referência a análises econômicas e políticas sobre situações dessa natureza, o que já foi estudado a mancheias em meios acadêmicos e correlatos.

Por dever de justiça, reconheça-se que esforços bem sucedidos são, em geral, a adição dos empenhos de segmentos sociais distintos, numa diversidade de ideias, posições e avaliações inquestionavelmente benfazeja.

Não é correto dizer que os problemas dos cearenses estarão integralmente resolvidos dessa forma, posto que há demandas especialmente graves a serem observadas - tão graves quanto permanentes. São os casos da gestão hídrica e da saúde, bem como os da educação, da habitação e segurança. Há, ainda, o da atenção nutricional. Não se pode descuidar de nenhum, considerando que todos têm interfaces que os tornam virtualmente um bloco só. E tendo em conta que todos são classificados como os mais legítimos interesses do cidadão.

E não se pode esquecer do desafio ambiental que é a seca, um permanente adversário com o qual se deve conviver e e o que se deve superar com investimentos, articulações, diálogos internos e externos e, sobretudo, trabalho.

Não é, portanto, uma tarefa simples essa que se põe diante dos cearenses pelas próximas três décadas - também não se diz aqui que o Estado tenta atenuar a situação ou menosprezar problemas. Ao contrário. O que se afigura é, mais do que tudo, a imperiosidade de movimentos firmes e precisos entre as trincheiras do desenvolvimento.

Nesse processo, é de se incluírem recursos para infraestrutura, como energia, abastecimento hídrico, rodovias, aeroportos e portos, como alicerces para indústria, comércio e serviços, assim como a negociação entre instituições deve ser uma bússola de comprometimento com o bom-senso. Mas, acima de qualquer outro elemento, é de se estimular o conhecimento e a inteligência.