Como assegurar a democracia no Brasil?

A desigualdade e o autoritarismo caracterizam o Brasil. Nos últimos anos temos vivido sérios ataques à democracia com comprometimento das instâncias de deliberação pública e descaso em enfrentar às desigualdades sociais e raciais.

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Sobressaiu um grupo político que recorre ao populismo autoritário e reacionário, provocando instabilidade política, polarizações e incertezas no país. Por meio de suas ações antidemocráticas invertem e deturpam conceitos como democracia e liberdade de expressão, investem contra as instituições republicanas, desqualificam a imprensa. Tudo com o fim de causar desequilíbrios e instalar um clima favorável ao golpismo.

Enquanto isso os problemas se avolumam e sem respostas para a dimensão social da crise, em particular com a pandemia de Covid-19 e seus efeitos com mais 21 milhões de caso e 588 mil mortes no Brasil, lentidão na imunização com as vacinas e corrupção na sua aquisição.

Acresce o aumento de pessoas com fome (19 milhões) e pobres (62 milhões), 120 milhões em insegurança alimentar, 14,1% a taxa de desemprego (14,4 milhões de brasileiros), militarização da administração pública dentre outros.

O momento atual é de perigo, exige que as forças democráticas estejam atentas e organizadas, construindo bases sólidas para uma ampla frente progressistas, que combata esse projeto autoritário cuja base está em provocar descredito e impedir a organização, mobilização e participação social, bem como a fragilizar os espaços de controle social das políticas públicas. Essas iniciativas encerram o diálogo democrático e propositivo e justificam a ditadura como a melhor saída para o presente. E não tenhamos dúvidas em reconhecer que estão organizados para isso.

A preocupação ampliada é com a desarticulação e dispersão de grande parte da sociedade, comprometendo a organização do campo democrático. A solução está na mobilização da diversidade de atores (movimentos sociais, as instituições sociais, organizações populares, sindicatos e conselhos de políticas públicas) por meio de seu ativismo, com participação e representação política, possam resistir ao autoritarismo e pactuar respostas sustentáveis pautadas em valores humanitários e voltadas para a inclusão.

É possível avistar oportunidade para assegurar a democracia no Brasil. O campo progressista deve realizar um trabalho de educação política, de convencimento dos grupos que não são autoritários, mas estão descrentes e insatisfeitos quanto as formas de superação dos seus problemas, para engrossarem a fileira democrática. Pois precisamos garantir condições para a transição de uma democracia atacada para uma democracia plena, e isso se faz pela via da organização social e popular, com respeito as regras do jogo democrático, garantido as eleições em que todos possam escolher seus representantes e participar de decisões públicas rumo a uma sociedade republicana, justa e igualitária. Mantendo viva a democracia.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.