Os predestinados técnicos da Seleção Brasileira

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Dorival Junior, novo técnico da Seleção Brasileira
Foto: Rubens Chiri / saopaulofc

Dizem que o cargo de presidente da República é para homens predestinados. Há políticos que, embora tendo notável saber e preparo, não chegam lá. Caso de Tancredo Neves cuja morte o levou pouco antes da posse. A presidência, então, ficou com José Sarney. Assim também quando Collor de Mello foi cassado. A presidência ficou com Itamar Franco. 

Episódios inesperados podem mudar de repente o destino das coisas e das pessoas. Assim me parece também com o cargo de treinador da Seleção Brasileira. Em 1957, o presidente da CBF, João Havelange, resolveu pela primeira vez apostar em um treinador paulista. Chamou Vicente Feola. Só no dia 04 de maio de 1958, um mês antes do embarque para a Copa na Suécia, Feola comandou o primeiro jogo da Canarinho (Brasil 5 x 1 Paraguai, no Maracanã). Feola voltou campeão do mundo.  

João Saldanha tinha sido técnico do Botafogo, campeão carioca de 1957. Logo depois encerrou a sua carreira de treinador. Formou-se em Jornalismo. Em 1969, ele exercia a função de jornalista quando, para surpresa de todos, o presidente da CBD, João Havelange, o chamou para assumir a Seleção Brasileira. João fez belo trabalho nas eliminatórias e classificou o Brasil para a Copa de 1970 no México. 

Surpresa 

João Saldanha foi apanhado de surpresa com o convite. Dizem que Havelange o chamou porque entendia que, sendo Saldanha jornalista, poderia amenizar as críticas pesadas que os cronistas do Rio e de São Paulo estavam fazendo à seleção. Questões políticas (Saldanha era comunista em pleno regime militar) e o temperamento forte dele determinaram a sua demissão antes da Copa de 1970. 

Surpresa II 

Zagallo certamente não imaginava que seria o técnico do Brasil na Copa do Mundo de 1970 no México. Saldanha tinha feito extraordinária campanha nas eliminatórias. Mas, nestas voltas que a vida dá, há fatos imprevisíveis. Após conturbado momento, Saldanha foi demitido. Zagallo foi chamado. Montou, então, a mais perfeita seleção de todos os tempos, tricampeã no México. 

Nome esquecido 

Ênio Andrade foi três vezes campeão brasileiro da Série A: Internacional-RS,1979; Grêmio, 1981; Coritiba, 1985. Ênio era portador de um currículo invejável. Nunca teve, porém, seu nome lembrado para dirigir a Seleção Brasileira. E observem um detalhe: numa década em que a Seleção Brasileira perdeu duas Copas do Mundo: 1982 e 1986.  

É o momento 

Quando digo que é preciso ser predestinado, tomo por base os fatos que acabei de citar. Agora mesmo, o nome era Ancelotti. Havia campanha também para o português Abel Ferreira. Fernando Diniz é chamado a ser interino. Não convenceu. Ancelotti optou pelo Real Madrid. De repente, uma reviravolta. Dorival é chamado e assume o cargo. 

Predestinado 

Em 2022, Dorival Júnior estava sem clube. Recebeu o convite do Ceará e veio retomar a carreira aqui. Certamente nem de longe imaginava que em menos de dois anos estaria no comando da Seleção Brasileira. Com muita competência, ganhou a Libertadores com o Flamengo. Foi para o São Paulo. Predestinado, está agora no comando da Seleção Brasileira. São as voltas que a vida dá. 



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