Eles todos se foram

Leia a coluna de Tom Barros

Legenda: Zagallo morreu aos 92 anos.
Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

A morte de Zagallo mexeu com a minha memória afetiva. O túnel do tempo me conduziu a 1958. Dia 29 de junho, dia de São Pedro. A grande decisão da Copa do Mundo, Suécia x Brasil, no Estádio Rasunda em Estocolmo. Na sala da nossa casa, estavam o meu pai, seu Victor, o nosso vizinho, Mário Machado e mais alguns amigos. Muita tensão. O fantasma da perda do título de 1950, no Maracanã, ainda povoava as mentes temerosas de um novo fracasso. Eu tinha 11 anos de idade. O aparelho de rádio Zenith (na época não havia televisão em Fortaleza) tinha faixa de ondas curtas. Logo no início do jogo, o assustador gol da Suécia. Meu pai ficou pálido. Mas não demorou a reação. O baile.

Gilmar, Djalma Santos e Bellini; Zito, Orlando e Nilton Santos; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo. O Brasil, com uma goleada (2 x 5) sobre a Suécia, sagrou-se campeão mundial pela primeira vez. Os gols brasileiros foram marcados por Vavá (2), Pelé (2) e Zagallo. Histórico momento que pôs o Brasil no topo do mundo. Hoje, revendo a foto daquela equipe, observo que todos já morreram. Brava seleção que, além de derrotar a Suécia, teve de derrotar o fantasma de 1950, o medo e o complexo de vira-lata. Todos já partiram. Saudade muita. 

Elenco 

Os componentes titulares da Seleção Brasileira de 1958 já morreram todos. Do elenco de 22 atletas, apenas quatro estão vivos: Dino Sani (91 anos), Pepe (88 anos), Moacir (87 anos) e Mazolla Altafini (85 anos). José Macia, o Pepe, foi treinador do Fortaleza. Sob seu comando, o Fortaleza ganhou o título de campeão cearenses em 1985.  

Treinador 

O atacante Vavá (Edvaldo Izídio Neto), titular da Seleção Brasileira bicampeã mundial em 1958 e 1962, foi técnico do Ferroviário em 1976. Vavá, como treinador, teve passagem discreta pelo futebol cearense. Dirigiu a equipe coral em apenas 13 partidas. Vavá fez parte da comissão técnica comandada por Telê Santana na copa de 1982. 

Técnico 

Castilho, goleiro titular na Copa do Mundo de 1954 na Suíça e reserva de Gilmar nas Copas do Mundo de 1958 e 1962, portanto bicampeão mundial, foi técnico do Fortaleza. Na época, tive a oportunidade de conhecê-lo bem. Quem também fez boa amizade com o Castilho foi o saudoso comentarista Sérgio Pinheiro. Portanto, três bicampeões do mundo dirigiram times cearenses. 

Decisão 

O técnico Zagallo, em 1968, quando dirigia o Botafogo, veio enfrentar o Fortaleza na decisão da Taça Brasil. Aqui, no PV, no primeiro jogo, deu empate (2 x 2). O técnico do Fortaleza era Gilvan Dias. No jogo de volta, no Maracanã, o Botafogo venceu por 4 a 0. Zagallo. Dois anos depois, ele assumiu o comando técnico da Seleção Brasileira, sendo tricampeão mundial na Copa do México. 

Conclusão 

A Seleção Brasileira, campeã do mundo na Copa de 1958 na Suécia, mudou a história do futebol no Brasil. O nosso país ganhou status e passou a ser respeitado, principalmente na Europa. Os times brasileiros passaram a ser requisitados para temporadas na França, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Portugal, Hungria. A importância daquele título é inestimável, incomparável.