Cortaram o oxigênio do futebol

Legenda: Arena Castelão sem torcedores em jogo do Campeonato Brasileiro em 2020
Foto: Camila Lima

Se existe uma categoria que sofre com a paralisação é a dos esportes de uma maneira geral. Claro que todas sofrem, mas é evidente que algumas são mais afetadas. A paralisação no futebol leva o jogador a perder o ritmo. Aquela máxima do famoso Didi, o Folha Seca, de que treino é treino e jogo é jogo, deve ser analisada agora com maior profundidade. Na época, Didi assim se expressava para explicar que nunca um treinamento poderia alcançar a semelhança de uma partida oficial, onde as exigências e as responsabilidades são verdadeiras.

Agora, com a nova paralisação, nem treinos nem jogos oficiais. Os treinos são arremedo, pois os jogadores sabem que não terão jogos nos dias seguintes. Por mais que ele queira manter o ritmo, no íntimo a cabeça funciona diferente. Uma coisa é você enfrentar provas simuladas de um vestibular. Outra coisa, bem diferente, é enfrentar o vestibular verdadeiro, no clima da disputa e da concorrência, sob a expectativa da aprovação ou da reprovação. Todos os esportes enfrentam dificuldades. No atual cenário, em qualquer categoria, bater recordes é impossível. Alcançar excelência também está complicado. Cortaram o oxigênio do futebol. 

Dúvida no ar 

A Europa comenta o insucesso de Juventus e Barcelona, eliminados da Liga dos Campeões. Coincidência ou não, pela primeira vez, Messi e Cristiano Ronaldo saem antes das quartas de final. Primeiros sinais do fim de carreira ou decorrência da diferença de treinos nesta época de Covid? 

Louvável 

Quero parabenizar os narradores de futebol que estão agora em ação. Uma coisa é narrar no estádio, com grande público, no clima das emoções; outra coisa, bem diferente, é narrar numa cabine, diante de uma tela de televisão. E eles conseguem criar emoção. Fantástico. 

Vazio 

Não me acostumei com nada disso. Mas é o jeito. Passei a vida toda narrando direto dos estádios. E assim viajei, narrando ao vivo pelos estádios do Brasil e pelos estádios do mundo. Quando vejo estádio vazio, um outro vazio toma conta de mim. É muito parecido com o silêncio dos cemitérios. 

Fazer pipi 

“O bom menino não faz pipi na cama”, dizia Carequinha no sucesso nacional que ele gravou na década de 1960. Dedico essa música ao árbitro Dênis da Silva Ribeiro Serafim, de Alagoas. Ele fez pipi no centro do gramado do Estádio Elcyr Resende, no Rio. Quero ver quando ele resolver fazer o número dois.