A difícil travessia do Fortaleza
Leia a coluna de Tom Barros
Sair da fase de ouro para a fase de incertezas é uma travessia em águas turbulentas, sob forte temporal. Aí lembrei de trecho da música “Argumento”, do Paulinho da Viola, quando diz: “Faça como um velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar.”
A serenidade será fundamental no atual momento tricolor. Cuidado com as atitudes impulsivas, que não levam a nada e só complicam. A saída de um treinador é um problema. A saída de um grande treinador é um problema muito maior. E a saída de um treinador, que é ídolo, estremece os alicerces.
Haverá comparações. Haverá pressões. Se o time voltar a vencer, logo as águas do rio voltarão ao leito de onde, com a tempestade, saíram. Mas tudo isso é incerto ainda. O tempo de transição depende de uma série de fatores alheios à própria vontade da comissão técnica.
A nova filosofia, que será posta em prática pelo treinador, demandará tempo para o perfeito entendimento dos atletas. É o natural preço da mudança. Toda equipe passa por situação assim. Não adianta precipitação.
Demissão
Eu não teria demitido o treinador Vojvoda. A meu juízo, após a derrota para o Ceará, o alto comando tricolor cedeu às pressões. Parece que o medo do rebaixamento falou mais alto. De qualquer forma, a diretoria do Leão não poderá ser acusada de omissão. Tentou mudar.
Rodada
Costumo dizer que, enquanto a Série A não chegar à 19ª rodada, ou seja, a metade da competição, ainda dá para contemporizar as adversidades. Depois do que se convencionou chamar de virada da montanha, tudo fica mais difícil. Quem perder pontos não terá mais onde buscar.
Semelhança
Faço sempre uma comparação com o “tie break” do vôlei. Quem abre pontuação no “tie break” dificilmente perde o jogo. A equipe em desvantagem geralmente se vê impotente para qualquer reação. É tudo muito rápido. Assim vejo a situação na Série A, após a metade da competição.
Exceções
Há casos incríveis. O próprio Fortaleza reverteu a adversidade de ter passado a metade da Série A toda na zona de rebaixamento. Não recordo bem o ano. E estava sob o comando de Juan Pablo Vojvoda. Na metade seguinte, saiu da zona e ainda ganhou uma vaga para disputar a Libertadores.
Tempo
No futebol, como na vida, nada melhor que o tempo para sarar feridas. As cicatrizes ficam, mas a superação acontece. O belo exemplo está no próprio Fortaleza. Viveu oito anos de Série C. Hoje, a despeito de tudo, está na Libertadores, a maior competição das Américas. Logo...