'Tempos de Barbárie - Ato I': violência e drama se misturam em trama alucinante; atores comentam

Produção cinematográfica brasileira estreia nesta quinta-feira (17)

Legenda: Cláudia Abreu é Carla, que observa a vida desmoronar ao ser confrontada de forma brutal com a violência
Foto: divulgação/Paris Filmes

A violência e as repercussões provenientes da mesma nos perpassam diariamente e é esse o ponto principal de 'Tempos de Barbárie - Ato I: A Terapia da Vigança', estrelado por Cláudia Abreu, Julia Lemmertz e Alexandre Borges. Estreando no circuito nacional nessa quinta-feira (17), o longa imerge na discussão dramática dos atos violentos e as consequências deles em todos nós.

Pouco antes da estreia, conversamos com o elenco, incluindo atores e direção, para discutir como o ocorreram as gravações e o processo de construção dos personagens. Entre os temas, as motivações da protagonista Carla (Cláudia Abreu), exposta à violência da forma mais cruel, e Natália (Júlia Lemmertz), que busca lidar com o sofrimento sem receio de pedir ajuda.

Veja o trailer:

"A vida coloca a gente nesses lugares assim de surpresa. A Carla é pega nessa situação e quando ela vê já está no meio de um assalto, reagindo aquilo. Como pode reagir, não pode reagir. A vida não espera, né, você tomar decisões racionais. Se você age sobre o impacto de uma violência, gera outra violência. Então, essas questões todas ficam atravessando a gente o tempo todo quando você faz um trabalho como esse e, ao mesmo tempo, é incrível, é desafiador, dar conta daquilo com veracidade", disse Cláudia Abreu sobre o ponto principal do filme, que discute exatamente as ações da protagonista diante das circunstâncias dolorosas da vida. 

Drama profundo

Na trama, a advogada Carla socorre a filha baleada durante um assalto, mas a criança fica em estado grave. Após buscar alicerce em um grupo de ajuda, onde conhece Natália, Carla emenda uma jornada própria por vingança quando o destino da filha é selado negativamente e a polícia não lhe concede uma solução necessária para que o sentimento de justiça se complete.

O filme, inclusive, entra no enredo dramático de forma bastante intensa, sem perder a mão quando o assunto é fazer o espectador entender as motivações da protagonista. Ainda que as escolhas sejam dúbias, claro, o sentimento de dor é tão latente que a violência surge como um caminho natural à personagem, e o filme não se furta de ser bastante gráfico em relação a isso. Esse é um dos pontos positivos.

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"Ele mostra para essas pessoas que acham que a solução é comprar uma arma e ir atrás de justiça com as próprias mãos. O que de fato acontece? Porque quando as pessoas defendem essa vertente, muitas vezes elas defendem de uma maneira abstrata e o filme desenvolve, né? Passo a passo, o que acontece com uma pessoa que opta radicalmente por essa trajetória de vingança e em direção à barbárie", continuou a atriz sobre a questão durante a coletiva antes da estreia. 

Caminhos diferentes

É nesse ponto que as duas personagens seguem caminhos opostos e a discussão se mantém no filme. Enquanto uma acredita no poder da vingança, a outra prefere suprimir os sentimentos, como a dor, lidando com o sofrimento de forma mais interna, guardando para si as questões abordadas por ela no grupo de apoio que lidera.

Júlia Lemmertz também participou da rodada de entrevistas, assim como Cláudia. Ela, inclusive, ressaltou sobre o papel central de Natália no grupo de terapia. Além disso, ressaltou o esforço demandado pelas personagens, justamente pela violência mais forte retratada no filme.

Legenda: Filme tem Cláudia Abreu e Júlia Lemmertz no elenco
Foto: reprodução/Paris Filmes

Segundo ela, o longa é difícil "emocionalmente, sem dúvida". "E fisicamente também, então assim, tem esse lugar do estar disponível e ser forte para enfrentar a sinalização, para enfrentar confrontos físicos, a violência física também, né? Claro que com uma preparação, com técnica. Isso tudo também interessante dessa profissão", completou a artista. 

O balanço do filme é bastante positivo. Além das atuações impecáveis, a direção conduz todo o drama de forma inteligente, seja nos momentos de maior confusão ou até mesmo nas abordagens mais amplas em cena. 

Nessa linha, o roteiro segue de forma factível na maior parte do tempo, ainda que explore ao máximo o poder que a violência contém. No geral, a mensagem que fica, de todo o trabalho deixado, é como todos os dramas vividos degradaram os personagens e podem, se na realidade, degradar o ser humano

 

 

 



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