Um belo dia resolvi sair de mim: “valeu cara, mas não tá dando mais”. Troquei as roupas, larguei o apego, mudei sonhos, ampliei os antigos, me apeguei a Deus como melhor amigo, peguei um hábito bom de cada pessoa que convivo. Desisti de desistir, não dá tempo. Há o que sonhar, há o caminhar. De pés no chão, mas inteiramente submersa. Para tantos lugares que a vida nos leva, resolvi tomar as rédeas e decidir quais serão eles. A vida não me leva mais para qualquer lugar. Eu a levo para os caminhos que são necessários - às vezes sofridos, às vezes felizes - e os do coração. Eu a escolho, eu a exploro, eu a vivo intensamente. [render name="Leia também" contentId="1.3078585"] Aquele paradoxo da intensidade que nos faz sentir o sofrimento mais forte e que também nos faz sentir, até fisicamente, a felicidade. Vivo um caso de amor com essa vida, tentando equilibrar meu amor passional e minha racionalidade como um caso de amor de um filme. Viaje (se der), ame, coma, converse, reze, sorria. Ame outra vez, sonhe outra vez. Que tenhamos a graça de amar o ordinário, o diário, o que está na frente, o disponível. Que nada seja só para nós. E que vejamos sempre beleza em tudo. Não só por otimismo, mas porque há, de fato, beleza em tudo. “É pecado sonhar? - Não, Capitu. Nunca foi. - Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos? - Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer”. Machado de Assis em Dom Casmurro. *Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.