Empresa de carros voadores trará ao Ceará dois protótipos de eVTOL nos próximos meses

Legenda: Modelo de eVTOL da Vertical Connect em escala reduzida
Foto: Divulgação

A empresa Vertical Connect, que deseja ter a primeira fábrica brasileira de eVTOL no Ceará, deverá trazer até dois protótipos para o Estado nos próximos meses.

O eVTOL é uma aeronave elétrica com capacidade de pousar e decolar na vertical, também conhecido como carro voador.

“A máquina que estará aqui (Ceará) no início do próximo ano será a GÊNESIS-x1, de transporte aéreo tripulado, ou seja, estamos falando de mobilidade urbana avançada (UAM). E é muito provável que no final de janeiro também esteja aqui a versão agro. Estamos acelerados com a produção e montagem em São Paulo, para trazermos as máquinas o quanto antes para o Ceará”, explicou a Vertical Connect a nossa coluna.

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Ceará larga na frente

O reitor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), com quem a Vertical celebrou Memorando de Entendimento na área do desenvolvimento de eVTOLs, professor José Wally Mendonça Menezes detalha a vinda dos protótipos:

“A gente vai transportar um órgão fictício em Fortaleza, com a presença de um renomado cirurgião cardíaco. O transporte de um órgão como o coração é algo que deve ocorrer em até 3 horas após retirado, entendemos que o eVTOL é muito útil para esse tipo de atividade, por exemplo.”

José Wally explica que o Ceará pode largar na frente no segmento de veículos elétricos:

“Janeiro ou fevereiro, o veículo (da Vertical Connect) deverá estar pronto, para mostrar que conseguimos fazer. Olha o caso da Troller, carro nacional, campeão do rally Paris-Dacar, isso é bom para posicionar o Ceará. Já há pedido de 5 eVTOLs da Vertical Connect no Ceará”, explicou o Reitor do IFCE.

“O Ceará pode ser protagonista. Imagine a primeira empresa relevante de aeronáutica fora do eixo da região Sudeste do país. Mostrei o que fazíamos (IFCE) na parte de navios e aeromodelos. Fazemos tecnologias para drones: sinais e sistemas, software e hardware. Fazemos a modelagem do drone para área agropecuária, para inspeção de placas solares.”

José Wally explica que há uma célula de desenvolvimento em São Paulo da Vertical Connect. “Nós desenvolvemos tecnologias aqui no Ceará e embarcaremos (montaremos) os sistemas na célula de São Paulo. Assinamos o acordo (MoU) e agora podemos mandar essa tecnologia para eles. Nós temos mais de 25 anos de experiência com Inteligência Artificial, por exemplo.”

Memorando de Entendimento (MoU)

Um importante Memorando de Entendimento (MoU) visando o desenvolvimento da aviação comercial e executiva no Estado do Ceará foi assinado no último dia 26 de outubro, entre a empresa Vertical Connect e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), durante o segundo e último dia do evento AviationXP Nordeste, realizado no Aeródromo Dias Branco, no Eusébio , na Região Metropolitana de Fortaleza.

O IFCE se compromete, junto a Vertical Connect, em desenvolver softwares e Al Drones (Drones de Inteligência Artificial) voltados para a área da mobilidade urbana e aeronaves eVTOL, além de realizar pesquisas para os modelos que estão sendo desenvolvidos pela empresa parceira.

Concorrência com outras empresas

Pergunto ao professor José Wally como ele imagina que será a concorrência da Vertical e seus eVTOLs com outras empresas como a Eve da Embraer: “Se tem a Embraer fazendo também, como vamos concorrer com eles? Segmentação de mercado, nicho, 2 a 4 passageiros, para fins específicos, mas que não invalida a mobilidade.”

Pergunto se o conceito de engenharia de eVTOLs autônomos, sem pilotos, da Vertical Connect, ou seja, navegação baseada 100% em piloto automático e inteligência artificial não é uma barreira maior inclusive à certificação pela Anac.

“Existem sempre desafios. Os desafios tecnológicos são superáveis. Os de certificação também, a Anac editou vários documentos que permitem a operação desses veículos para testes, por exemplo, no campo e ele possuirá capacidade de carga de até 600 kg, é bastante coisa. Ninguém entra na corrida sem garantias legais”, explicou José Wally.

Sobre o projeto de eVTOLs autônomos e suas dificuldades de desenvolvimento, membros da Vertical Connect presentes na AviationXP Nordeste nos contaram que buscaram fazer um eVTOL autônomo, baseado em modelos chineses totalmente autônomos.

Local de instalação e parceria com o ITA

“Eles já estão inclusive vendo novos locais para implementação de uma fábrica, talvez no Pecém, mas viram outros locais também. Importante que seja próximo a campus nosso, isso abrirá um mercado fabuloso”, comenta o reitor do IFCE.

“Nós (IFCE) somos especialistas na captação de recursos, somos a instituição pública que mais registra softwares no Brasil. Nós temos também o Polo de Inovação EMBRAPII do IFCE. Os recursos muitas vezes são dados por nós e colocamos professores e alunos nossos para trabalharem.”

“Ao final, o produto é construído e esses alunos podem ir trabalhar nessas empresas. O produto é da empresa também, o IFCE fica com parte da patente apenas, por exemplo.”

O reitor já prevê parcerias com o Campus Fortaleza do ITA: “Se fizermos parceria com o ITA (que está chegando ao Ceará), viramos um hub-aeroespacial.”

Apesar de iniciar com cursos de Engenharia de Energias e Engenharia de Sistemas, os eVTOLs podem se beneficiar bastante de pesquisas disruptivas que venham a ser realizadas pelo ITA e pelo IFCE, como novas baterias, hélices, motores, inteligência artificial.

 



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