Queijo fake: qual o direito do consumidor ao confundir e comprar muçarela processada achando ser a original?

A comercialização desses produtos não é irregular, mas embalagens podem induzir os compradores ao erro

Escrito por
Germano Ribeiro germano.ribeiro@svm.com.br
Legenda: O queijo muçarela processado pode confundir o consumidor menos atento
Foto: Shutterstock

Os produtos ditos similares são aqueles que têm aparência de serem semelhantes aos originais, como soro de leite e mistura láctea no lugar do leite, gordura vegetal com sabor de manteiga e "requeijão fake" que, na verdade, é uma mistura de requeijão, queijos, gordura vegetal e amido. Esses produtos surgiram com mais intensidade após a alta dos preços dos alimentos que afeta o bolso e a mesa dos brasileiros.

Contudo, há similares que podem custar ainda mais caro que o original. É o caso do queijo muçarela processado, que pode confundir o consumidor menos atento. Isso porque, além da muçarela, o produto tem fécula de batata, um mix de aditivos e emulsificantes como hidrogenofosfato de di-sódio INS 339ii e polifosfato de sódio INS 452i. Em termos não técnicos, trata-se de um "queijo fake".

Veja também

Já a muçarela "real" contém leite integral pasteurizado, cloreto de sódio, cloreto de cálcio e coalho na composição. Segundo a colunista Ingrid Coelho apurou, enquanto a versão processada estava custando R$ 49,90/kg (em uma peça de 3,7kg), a original de outra marca custava R$ 45,90/kg.

Embalagens podem confundir

É importante dizer que a comercialização desses produtos não é irregular. Contudo, as embalagens podem confundir os consumidores, por serem muito semelhantes às dos alimentos que os "inspiraram".

imagem mostra prateleira de supermercados com possíveis queijos fakes, que são muçarelas processadas com aditivos
Legenda: A primeira vista, parece não haver diferenças entre ele e a muçarela de outras marcas na prateleira, porém um olhar mais cuidadoso identifica que, além de muçarela, o produto contém fécula de batata e um mix de aditivos, descritos entre parênteses como fécula de batata
Foto: Ingrid Coelho

Mas o consumidor dever ser bem informado sobre o que está levando e, por lei, essa comunicação deve ser clara e evidente, justamente para evitar esse tipo de confusão, já que esses similares são, em geral, inferiores em termos nutritivos.

Outro ponto para estar atento ao escolher um produto é verificar o rótulo (aquele com letras miúdas), pois o ingrediente principal deve ser sempre o primeiro e, os seguintes, devem vir na ordem de maior para menor quantidade.

Um exemplo comum é o do pão integral. O produto deve ter a farinha de trigo integral como principal elemento apresentado no rótulo. Se não, o alimento não deveria ser vendido como tal.

Outra situação muito comum no mercado é quando há uma diminuição do peso do produto, mas não no valor dele. Caso a informação sobre a redução não esteja evidente, trata-se de mais uma irregularidade.

Como denunciar  

O consumidor deve procurar um órgão de defesa do consumidor (como o Decon ou o Procon) para fazer a denúncia, caso se depare com algum abuso, como propaganda enganosa ou informação incorreta do produto. 

imagem mostra composição de queijo fake, muçarela processada com outros ingredientes

Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também pode ser acionada se o consumidor perceber que o produto possa causar algum tipo de problema alimentar, colocando em risco a saúde.

Ainda, denúncias feitas em canais como o Observatório de Publicidade de Alimentos acionam órgãos como Idec e Criança e Consumo, que fazem o trabalho de análise jurídica para, se for o caso, denunciar os maus fornecedores.

 

 

Assuntos Relacionados