O curioso caso das big techs que anunciam na TV

Foto: Marketing/ SVM

No cenário global contemporâneo, o acrônimo "Manga" - que representa Meta, Apple, Nvidia, Google e Amazon - não apenas se tornou uma referência no universo das tecnologias, mas também uma poderosa força econômica que começa a rivalizar com estados inteiros em termos de influência financeira. Essas gigantes da tecnologia têm avançado em ritmo constante, redefinindo paradigmas e conquistando territórios antes inimagináveis.
 
Nos Estados Unidos, o epicentro desse fenômeno, empresas como Meta, anteriormente conhecida como Facebook, têm se tornado verdadeiros impérios digitais, moldando como nos conectamos e interagimos. Suas cifras de mercado frequentemente superam os PIBs de muitas nações. Mas o impacto dessas empresas não está confinado às fronteiras americanas.
 
No Brasil, assistimos a um aumento palpável na presença e influência das Big Techs, à medida que elas expandem suas operações e investimentos em solo brasileiro. Esse crescimento é visível não apenas no mercado de tecnologia, mas também na indústria do entretenimento, especificamente na televisão aberta.
 
Empresas como Netflix, Prime Video, Disney+ e Globoplay - principais protagonistas do streaming de conteúdo - perceberam o potencial de se conectar com o público brasileiro através da televisão tradicional. A estratégia é clara: investir na criação de conteúdo próprio e exclusivo para atingir uma audiência mais ampla, consolidar suas marcas e, assim, conquistar um espaço duradouro no coração dos telespectadores.

 Essa tendência se estende também às empresas de apostas pela internet, que viram na TV aberta uma maneira eficaz de se tornarem conhecidas e estabelecidas no mercado brasileiro. O investimento massivo em publicidade, patrocínios esportivos e programas de televisão é evidência do desejo dessas empresas de construir uma presença sólida no país.
 

O que emerge desse panorama é uma batalha feroz pelo poder de marca na mente dos brasileiros. As Big Techs, os serviços de streaming e as empresas de apostas online estão dispostos a investir consideravelmente para se tornarem figuras familiares em nossas casas, nossas vidas e nossos dispositivos. O futuro da televisão aberta no Brasil está cada vez mais entrelaçado com essas forças globais, e a competição por nossa atenção e lealdade está apenas começando.

 Nesse turbilhão de investimentos e estratégias, uma coisa é certa: a relação entre a tecnologia, o entretenimento e a publicidade nunca mais será a mesma. A televisão aberta, outrora uma instituição intocável, se tornou o epicentro de uma batalha onde as Big Techs, os serviços de streaming e as empresas de apostas online estão determinados a conquistar o coração e a mente do público brasileiro, moldando, assim, o futuro do entretenimento e da mídia no país. Como espectadores, somos os protagonistas dessa história, observando como o cenário da televisão evolui em resposta a essa revolução digital em constante expansão.
 
Quando avaliamos a lista dos 300 maiores anunciantes em Tv Aberta no Brasil em 2022 encontramos marcas que não figuravam nesta lista até 2018, são elas:
 
Bets: SportingBet, Betano, Bodog, Sportsradar, Bet Nacional, Pixbet, Galera Bet, Sportbet, Bet7, Betwarrior, Betfair e 1xBet. 
 
E-commerce: Shein, Alibaba, Shopee e AliExpress
 
Streamings: Netflix, Prime Video e Disney +
 
Essa mudança de escopo acende um alerta para as marcas nacionais. A busca por corte de verbas no marketing tem criado uma avenida de oportunidades para as gigantes tecnológicas internacionais. Movimentos como o da Globoplay, acaba sendo um processo raro de empresa nacional que consegue figurar entre as gigantes do seu setor. 

Uma estratégia que passa pela Globo

Uma parte crucial da estratégia das empresas de tecnologia para fortalecer sua presença no Brasil tem sido o investimento substancial em anúncios na Rede Globo, uma das maiores emissoras de televisão do país. A parceria entre as gigantes da tecnologia e a Globo representa um casamento estratégico entre o alcance massivo da televisão aberta e a necessidade dessas empresas de alcançar um público diversificado.
 
Por meio de comerciais bem elaborados e campanhas publicitárias inteligentes, empresas como Google, Apple e Amazon têm conseguido transmitir suas mensagens diretamente para os lares brasileiros. Esses anúncios frequentemente destacam produtos, serviços e inovações tecnológicas que desempenham um papel importante no cotidiano das pessoas, desde smartphones e assistentes de voz até dispositivos de streaming e soluções de computação em nuvem.
 
A escolha da Rede Globo como plataforma para esses anúncios se baseia na capacidade da emissora de atingir uma audiência diversificada e abrangente em todo o país. A Globo tem um histórico sólido de produção de conteúdo de alta qualidade e programas populares, o que a torna um veículo de escolha para a promoção de produtos e serviços de tecnologia.
 
Além dos anúncios tradicionais, as empresas de tecnologia também têm participado ativamente de programas e eventos da Globo, como patrocinadores de reality shows, competições esportivas e programas de entretenimento. Essa integração estratégica permite que essas empresas estejam presentes em momentos-chave da programação da emissora, aumentando ainda mais sua visibilidade e influência.
 
Portanto, é evidente que as empresas de tecnologia têm reconhecido a importância da Rede Globo como um meio eficaz para fortalecer sua presença e suas marcas no mercado brasileiro. Essa parceria entre a tecnologia e a televisão aberta reflete a evolução do cenário de mídia e publicidade no Brasil, onde as gigantes da tecnologia buscam uma conexão direta com os consumidores por meio de uma das plataformas mais influentes e acessíveis do país.

O desafio de nossas marcas, diante da forca das big techs nos coloca numa situação difícil de competir. Cabe aos nossos gestores terem muita criatividade, foco no cliente, estratégia de marca e muita pesquisa e desenvolvimento para que outras Globoplays possam surgir de dentro do nosso mercado. É fácil? Não é, como diz o bom cearense “chupa essa M.A.N.G.A”.