Ceará está produzindo tâmara, uma fruta nobre, em Itarema

Empreendimento da Ouro Verde, do empresário Henrique Aragão, ocupa área de 7 hectares, que será mais do que dobrada ao longo deste ano.

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 06:56)
Legenda: A área de 7 hectares cultivada de tâmaras já está sendo ampliada para 15 hectares na geografia do município de Itarema, no litoral Norte do Ceará
Foto: `Divulgação

Acredite, porque é vero: o Ceará começou a produzir tâmara – uma fruta originária do Oriente Médio e do Norte da África, rica em vitaminas, minerais e fibras.

A produção cearense tem endereço: a geografia do município de Itarema, onde a Ouro Verde, do empresário Henrique Aragão – em sociedade com a Árbora e a Fazenda Arroz – implantou há 15 meses, em área de 7 hectares, o primeiro projeto de larga escala para a produção de tâmaras, cujos primeiros cachos alegram os investidores, e com razão: um quilo de tâmara custa hoje cerca de R$ 70.

E já começou a ampliação da área da Fazenda Palmira – nome de fantasia do empreendimento – que ao longo deste ano ganhará mais 8 hectares.

“Nossa expectativa é de que a produção crescerá ano a ano, de maneira que, dentro de cinco anos, alcançaremos a estabilidade com cada árvore fêmea produzindo de 10 a 20 quilos de frutas. No nosso projeto, plantamos 400 mudas por hectare, com espaçamento de 5 x 5 metros. Todas as mudas vingaram, o que revela a boa qualidade do solo, que foi bem tratado com nutrientes”, como explica Henrique Aragão.

Ele informa que seu terreno, em Itarema, tem área de 120 hectares e sua ideia é aproveitá-lo, também, para outras culturas. Aragão manda uma mensagem a quem estiver interessado em entrar no negócio:

“Na Fazenda Palmira, além de tâmara, já estamos cultivando o mogno africano, e na ampliação do projeto de Itarema iremos inserir banana prata e açaí, também. Temos espaço para os que desejarem juntar-se a nós nesse investimento, que é de retorno garantido. Quem duvidar, é só consultar o mercado.”

Henrique Aragão e sua Ouro Verde são os mesmos que, em uma área de 50 hectares, que serão 100 hectares dentro de 3 anos, desenvolve na Chapada da Ibiapaba um projeto sustentável de cultivo de mogno africano das variedades Khaya Senegalensis e Khaya Grandfolíola, que se adaptaram perfeitamente ao solo, à altitude de 900 metros e à temperatura média de 19 graus de Viçosa do Ceará, no Noroeste do estado, bem na divisa com o Piauí.

É lá em Viçosa, pertinho do céu, que a Ouro Verde – dirigida por ele e pelo filho e sócio Davi – une o útil ao agradável: ao mesmo tempo em que investe numa cultura do mogno, de demorada maturação – 10 anos, no mínimo – mas de elevado e garantido retorno financeiro, Aragão assegura o permanente reflorestamento de uma área que, até 2014, sofria os efeitos da degradação ambiental. Hoje, essa área é uma bela, robusta e crescente mata verde, graças à tecnologia da integração floresta-lavoura.

É o que vai acontecer, também, em Itarema com a plantação de tâmaras – já em processo de produção de frutas – e de mogno africano.

“Vamos tornar mais bela a paisagem de Itarema”, diz Henrique Aragão, acrescentando informações importantes:

““O investimento para o plantio de 1 hectare de mogno africano, com sistema de irrigação, seguindo todos os protocolos de adubação e manejo, fica entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, dependendo da região onde será implantado o projeto. A estimativa de retorno financeiro de 1 hectare de mogno africano fica na faixa de R$ 600 mil a R$ 800 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão em 15 anos, se forem obedecidos todos os protocolos de adubação e manejo da cultura.”

Aragão transmite uma observação relevante, bem adequada aos tempos atuais:

“Além do retorno financeiro, existe o trabalho de auxílio à natureza, tão necessário nos dias de hoje. Esse trabalho, no nosso caso, se faz na restauração de áreas degradadas com os plantios de mogno africano e tamareiras. Uma árvore de mogno africano (Khaya spp.) com 10 anos de vida pode sequestrar 249,60 quilogramas de CO2. O sequestro de carbono varia conforme o crescimento e as condições ambientais, mas o mogno africano é conhecido por sua capacidade de absorver uma quantidade significativa de CO2.”

Pesquisas indicam que o nordeste brasileiro tem grande potencial para o cultivo de tâmaras. O agrônomo egípcio Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa informa que o Nordeste brasileiro possui condições climáticas ideais para o cultivo de tâmaras e que essa atividade poderá beneficiar a região.

Radicado no Rio Grande do Norte desde 1983, Aloufa desenvolveu mudas de tamareiras adaptadas ao semiárido nordestino no laboratório de biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Ele acredita que o cultivo de tâmaras pode ser economicamente vantajoso e contribuir para a recuperação de áreas degradadas no Nordeste brasileiro. Aloufa acredita que o cultivo de tâmaras no Nordeste brasileiro pode ser economicamente vantajoso e contribuir para a recuperação de áreas degradadas devido à adaptabilidade da tamareira a climas áridos e semiáridos.

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