Agro cearense cresce com tomate, pimentão, algodão e eventos
Na Ibiapaba, no Cariri e na Chapada do Apodi, investimentos privados apoiados pelo governo fazem desenvolver as novas fronteiras agrícolas do Ceará.
Há três fronteiras agrícolas que o Ceará está a explorar com direto financiamento privado: uma localiza-se na Chapada da Ibiapaba, cujo futuro, além do presente, será promissor se o governo estadual tomar a decisão de construir um açude de grande porte ou um conjunto de pequenas barragens que garantam à região a água de que precisa para abastecer a população de suas cidades e para desenvolver sua hortifruticultura; a segunda está situada na geografia da Chapada do Apodi, onde, plantando-se, tudo dá, desde a soja até o algodão, incluindo o sorgo, a palma forrageira, e quem duvidar é só visitar duas fazendas – a Nova Agro, de Raimundo Delfino, e a Flor da Serra, de Luiz Girão.
A terceira fronteira agrícola é a da Chapada do Araripe, no Sul do Ceará, onde a expertise e o capital de grandes empresários do Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia) estão chegando para tirar proveito da altitude do lugar – 900 metros – e do seu clima e para fazer o que já estão fazendo: cultivando soja e preparando o solo para a próxima e muito aguardada cultura do algodão, objetivo do projeto Algodão do Ceará, uma iniciativa tripartite da Federação da Agricultura e Pecuária (Faec), Federação das Indústrias (Fiec) e Governo do Estado, por meio da Secretaria Executiva do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. Vamos por partes.
Registrou-se na semana passada um acontecimento importante que ratifica o que esta coluna está a dizer hoje. E mais dois acontecimentos registrar-se-ão ao longo desta semana. Na quinta e na sexta feiras passadas, em Guaraciaba do Norte, a Coalizão Agro, que substituiu o Agro Innovation, ambas iniciativas do ex-secretário de Agricultura Irrigada, Carlos Matos, agora um consultor empresarial na área do agro.
O evento reuniu pesquisadores e grandes empresários nacionais da hortifruticultura, entre os quais Edson Trebeschi, maior produtor brasileiro de tomate, com fazenda de produção na ipiapabana Ubajara, os quais renovaram duas certezas: 1) a Ibiapaba é o lugar ideal para o cultivo de tomate, pimentão colorido e berries (fambroesa, amora, morango vermelho e branco e mirtilo); 2) no curto prazo, não apenas empresas nacionais, mas estrangeiras, inclusive da Espanha, aportarão investimentos na região.
Presente à Coalização Agro, o secretário Executivo do Agronegócio da SDE, Sílvio Carlos Ribeiro, ratificou a informação, divulgada há 15 dias por esta coluna, segundo a qual a empresa norte-americana Emcocal iniciará em janeiro, na Ibiapaba, pesquisas para selecionar a variedade de berries que melhor se adapta ao clima da região, que produzirá morangos brancos e vermelhos, fambroesa, amora e mirtilo, frutas de alto valor agregado.
Durante a Coalizão Agro, autoridades e produtores rurais do governo estadual e dos municípios da Ibiapaba ouviram dos especialistas esta unânime opinião técnica: a hortifruticultura da região, para ter mais sucesso do que já tem, terá de ser praticada pela via do cultivo protegido, ou seja, sob estufas, como já o fazem, por exemplo, a Trebeschi com seus tomates e a Itaueira Agropecuária com seus pimentões coloridos.
Há um detalhe importante que foi transmitido à coluna por Inácio Parente, presidente do Sindicato Rural de Ubajara: as estufas da Ibiapaba têm melhor qualidade do que as de Almeria, na Espanha, onde o cultivo protegido é praticado em área de 100 mil hectares (na Ibiapaba, a área de estufas já ocupa hoje 600 hectares).
Nesta semana, a agenda do agro cearense está animada: depois de amanhã, quarta-feira, 29, a Fazenda Nova Agro iniciará a colheita mecanizada de sua safra de algodão, cuja qualidade é comparada à do algodão egípcio, o melhor do mundo, como o atestou o Laboratório Têxtil da Fiec. E nos dias 30 e 31 deste mês e 1º de novembro, em Barbalha, a Faec, em parceria com o Sebrae e o Governo do Estado, promoverá a ExpoCariri, que já é a maior feira e exposição da agropecuária do Sul do Ceará.
Na Fazenda Experimental da Embrapa Algodão, na área rural daquele município, a ExpoCariri terá, neste ano, 170 estandes de empresas dos diferentes ramos do agro, ocupando o triplo da área ocupada no ano passado. O evento pretende ser a grande vitrine do produtor rural caririense, cuja força se expande para além dos 25 municípios da região, alcançando os do Oeste pernambucano e paraibano e do Sudeste do Piauí, como consequência da força e do prestígio que em tão pouco tempo ganhou a ExpoCariri.
Amílcar Silveira, presidente da Faec, mostra-se otimista com o hoje e o amanhã da agropecuária cearense e o justifica:
“O produtor rural do Ceará é, antes de tudo, um forte. São homens e mulheres dedicados a produzir alimentos da melhor qualidade para o consumo de todos, e isto será, mais uma vez, demonstrado na ExpoCariri” 2025.
Para encerrar: na próxima semana, de 3 a 5 de novembro, a cidade de Fortaleza sediará o XXXIV Congresso Brasileiro de Irrigação e Drenagem, que se realizará no Centro de Eventos.
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