Liderança feminina: dilemas e desafios

Legenda: Assumimos vários papéis ao mesmo tempo, e, assim, temos que saber lidar com as verdades da nossa atuação em cada um deles
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A busca pela perfeição atinge milhares de mulheres que ocupam cargos de gestão. Estamos chegando lá, mas a que preço? Afinal, ao assumir um cargo no nível estratégico, não deixamos de ser mães, de ser esposas e, muitas vezes, de ser donas de casa. Até que ponto, essa constante cobrança pela perfeição e a necessidade de dar conta de tudo fazem bem à saúde mental e ao bem-estar da mulher?

Decidi escrever este post para falar um pouco sobre os desafios da mulher, principalmente quando ela ocupa um cargo de liderança. No livro A Psicologia da Mulher Maravilha, escrito por Langley e Wood, vemos que todo bom super-herói acredita que o mundo pode ser transformado. A Mulher Maravilha transcende essa concepção, ao mostrar que qualquer indivíduo pode ser melhor do que já é. O seu laço mágico força as pessoas a dizerem a verdade. Ele é um símbolo do compromisso dela com a verdade e, assim como ela, somos nós mulheres.

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Assumimos vários papéis ao mesmo tempo, e, assim, temos que saber lidar com as verdades da nossa atuação em cada um deles. Nós nos cobramos quando saímos de casa para trabalhar porque, na nossa percepção, não estamos acompanhando de perto o crescimento dos filhos, a rotina das pessoas de quem cuidamos, os afazeres domésticos, enfim, queremos dar conta de tudo com perfeição. Muitas acreditam no mito de que ser mãe é incompatível com altos cargos de gestão, pela grande carga de trabalho. A autocobrança está presente em todas as áreas das nossas vidas. 

Tudo, ou quase tudo, é capaz de nos trazer à mente perguntas, tais como: 
Será que é minha culpa? 
Poderia ter feito melhor? 
Darei conta de tudo? 

Desafios do ambiente corporativo

No convívio corporativo, os dilemas são muitos. Além da autocobrança, quando a equipe é predominantemente masculina, a mulher poderá encontrará um dos preconceitos mais comuns, qual seja, a dúvida sobre a capacidade da liderança feminina. Insubordinação, piadinhas, rótulos e desconfiança sobre o mérito da conquista do cargo são comuns no ambiente corporativo. Lidar com essas situações não é fácil.  

Para sobreviver, algumas mulheres tentam se adaptar suprimindo a sua personalidade, assumindo atitudes masculinas na condução de suas equipes ou adotando um padrão elevado de cobrança para si e para os liderados, por medo de falhar. 

Em 2021, participei de um podcast sobre a mulher no mercado de trabalho. A jornalista perguntou o que eu tinha a dizer para as mulheres que cobram de si mesmas perfeição para se equipararem à liderança masculina. Minha percepção é simples! Sucesso não tem gênero, cor de pele, sexo e/ou religião. Desempenho é consequência do trabalho árduo de uma pessoa qualificada, comprometida e competente. 

Como lidar com esses dilemas e superar os desafios? 

Os desafios são úteis para aprendermos com eles. Para ilustrar essa possibilidade, cito o livro Jesus, o maior líder que já existiu, escrito por Laurie Beth Jones. Ela estudou a trajetória de Jesus Cristo para entender suas principais forças como líder e encontrou três. A força do autodomínio, a força da ação e a força das relações. 

No primeiro capítulo, ela cita a passagem de Jesus pelo deserto, local onde ele precisou fazer escolhas, resistir a tentações, superar desafios. Passou fome e enfrentou o demônio. Depois de quarenta dias no deserto (Mateus 4:1-11), Jesus surgiu como uma pessoa que tinha muita certeza sobre quem era para o que fora chamado. Depois que passou pelo deserto, começou a usar as palavras “Eu Sou”, e elas enfatizavam o seu poder e a sua missão. 

Assim somos nós ao passarmos por desertos. Dependendo de como passamos por eles, aprendemos muito sobre quem somos e o que podemos fazer. Esses momentos nos trazem clareza e nitidez sobre nossos talentos, forças e vulnerabilidades. 

Os vários papéis desempenhados pela mulher executiva, juntos, trazem grandes desertos e sábios ensinamentos. Precisamos utilizar todos esses aprendizados para a nossa evolução pessoal e profissional. Abaixo, descrevo algumas ações que ajudam no exercício de uma liderança feminina consciente e mais leve:

Invista no seu autoconhecimento

Somos seres imperfeitos e quando aceitamos a nossa imperfeição, ficamos mais aptos para mudar e evoluir. O autoconhecimento acontece ao longo da vida e muda de acordo com os acontecimentos, com a maturidade, com o que aprendemos e desenvolvemos. Investir nessa prática nos apoia nas tomadas de decisão, pois nos torna conscientes de quem somos e de como respondemos às várias situações que acontecem no nosso dia a dia. 

Acesse o link e responda algumas perguntas para iniciar a jornada.

Planeje a vida que você deseja, aja e seja adaptável

Pense no que quer alcançar nos próximos dois anos na vida pessoal e profissional. Depois de definir seus objetivos, analise como você está e elabore ações específicas para desenvolver os pontos que não estão de acordo com o que deseja. 

Se você deseja ocupar um cargo executivo, mas ainda não tem todas as qualificações, estabeleça prazos para se organizar financeiramente e conseguir as certificações necessárias, por exemplo. Inclua no seu planejamento ações para cada área de sua vida: espiritualidade, desenvolvimento intelectual, equilíbrio financeiro, vida social, saúde física e mental, carreira, família, vida social e relacionamento amoroso. 

Seja flexível para se adaptar às novas realidades e aos novos desafios do mercado de trabalho. Não se apegue ao seu plano. O planejamento é um mapa, mas pode sofrer alterações ao longo do caminho. 

Mantenha-se em movimento! 

Seja proativa! Aja como parte da solução para os problemas que se apresentarem e se mantenha em movimento. Monte uma rede de apoio para a sua jornada: outras mulheres executivas; familiares; amigos; mentores; professores, enfim, pessoas ou instituições que estejam alinhadas ou comprometidas com os seus objetivos. 

“Para deter um asteroide, chama-se o Super-Homem. Para solucionar um mistério, pede-se socorro ao Batman. Mas, quando precisamos pôr fim a uma guerra, convocamos a Mulher-Maravilha.” Gail Simone, autora de histórias em quadrinhos.

Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu instagram: @delaniasantoscoach.

Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima!

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora