Tique nervoso na infância. Quando devo me preocupar?

Também chamado de “cacoetes”, o comportamento pode aparecer em alguma fase do desenvolvimento infantil

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Seu filho já apresentou algum tique nervoso que lhe deixou desconfortável ou preocupado? Calma, a maioria deles são transitórios, não causam consequências graves e costumam melhorar com o passar do tempo.

Os tiques ou “cacoetes” como muitos chamam, são muito comuns na infância, costumam aparecer por volta dos 7 anos de idade. Caracterizam-se por movimentos involuntários, repetitivos e estereotipados que ocorrem em frequência variável. Podem aparecem muitas vezes ao dia ou algumas vezes por semana. Pesquisas apontam que cerca de 25% das crianças, em algum momento do seu desenvolvimento, vão apresentar algum tipo de tique.

Existem diversos tipos de tiques. Eles podem ser apenas motores, ou seja, os que afetam os movimentos do corpo, como podem ser vocais ou fônicos, os que emitem algum tipo de som. Existe ainda a conhecida Síndrome de Tourette, que são tiques motores e fônicos que persistem por mais de um ano. Porém, ela é abordada de forma diferente, pois é caracterizada como tique crônico.

Tiques transitórios:

  • Piscar os olhos com força
  • Elevar os ombros
  • Franzir o nariz ou fazer careta
  • Ficar tocando coisas ou pessoas
  • Estalar os dedos
  • Mexer a cabeça ou virar o pescoço
  • Tossir, estalar a língua, pigarrear ou cheirar
  • Os tiques também podem estar associados à ecolalia (repetir palavras) ou à coprolalia (falar palavras obscenas)

E quais as causas?

  • O fator desencadeante mais comum dos tiques na infância são problemas emocionais, como ansiedade e estresse;
  • O fator genético também é importante ser considerado. Pesquisam apontam que alterações na transmissão da serotonina, neurotransmissor responsável pelo controle dos impulsos, podem estar na origem desses comportamentos;
  • Doenças psiquiátricas, alguns quadros neurológicos crônicos ou neurodegenerativos também podem levar a esses sintomas.

Devo procurar ajuda?

Não necessariamente, porque na maioria dos casos, os tiques nervosos desaparecem rapidamente. Porém, se os tiques começarem a interferir nas atividades diárias e na escola, tornando-se mais graves e mais frequentes, se passarem a causar constrangimentos ou isolamento social, ou alguma dor e desconforto. É importante buscar um neuropediatra para avaliação e esclarecimento de dúvidas.

É importante pontuar que os tiques são involuntários, a criança não faz isso para chamar a atenção, ou por teimosia. Ela, na verdade, sente um grande desconforto e os movimentos se manifestam como uma forma de liberação dessa tensão. Portanto, ao notarem a presença dos tiques, não culpem ou castiguem a criança.

Repreendê-los não solucionará o problema, só trará mais sofrimento e sentimentos de inadequação para seu filho. Dependendo do caso, o tratamento envolve a psicoterapia, em que a criança e a família entenderão as questões emocionais envolvidas e receberão orientações para lidar de forma mais saudável.


*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora