Educação e a sexta lei do poder

Escrito por
Davi Marreiro producaodiario@svm.com.br
Consultor Pedagógico e professor
Legenda: Consultor Pedagógico e professor
A decisão da Prefeitura de São Paulo de afastar diretores de escolas municipais por conta do desempenho dos alunos em avaliações externas, à primeira vista, pode parecer uma resposta objetivamente eficaz, sugerindo que a requalificação dos gestores resolverá o problema. No entanto, é fundamental enxergar além do óbvio: o desempenho escolar é influenciado por múltiplos fatores sociais, econômicos, estruturais e pedagógicos. Atribuir a responsabilidade exclusivamente aos diretores pode ser uma simplificação excessiva ou, deliberadamente, uma transferência de responsabilidade.
 
Esse exemplo será estendido às demais escolas da rede ou a prefeitura resolveu fingir que nunca viu o Mapa da Desigualdade de São Paulo? Segundo esse levantamento da Rede Nossa São Paulo, com dados da própria prefeitura e do Ministério da Educação, mais da metade dos distritos, 53 de 96, não atingiu sequer a média nacional do Ideb de 2023 para os anos iniciais do ensino fundamental, que foi de 5,7. A desigualdade educacional incomoda menos quando se culpa os diretores, enquanto os politiqueiros fogem do espelho.
 
Entre 2021 e 2024, aliás, a gestão municipal não conseguiu atingir nem a meta mais elementar: alfabetizar as crianças até o final do 2º ano do Ensino Fundamental, como determina o Inep. Contudo, a lógica parece ser a de sempre: responsabiliza-se o elo mais frágil, enquanto se ignora solenemente que, sem investimentos em estrutura, formação docente, e apoio às famílias, não há mágica nem gestor escolar que dê conta.
 
A decisão da Prefeitura de São Paulo revela um descompromisso com a complexidade da educação pública. Trata-se de mais um exemplo do estilo politiqueiro e midiático de chamar atenção. A leitura que justifica os afastamentos é tecnocrática, mas inadequada. Os interventores nomeados são apenas paliativos e apelativos, com aparência de rigor. A qualificação poderia ser realizada sem os afastamentos, mas não geraria o mesmo espetáculo público. Em vez de resolver, a Prefeitura finge autoridade, perpetuando a lógica de punir quem atua na linha de frente, enquanto se exime da responsabilidade por décadas de negligência institucional.
 
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