Ceará decide manter vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos contra a Covid-19

Conforme a Secretaria da Saúde, a decisão do Ministério da Saúde em suspender a imunização foi "unilateral"

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
Adolescente sendo vacinado contra a Covid-19 em Fortaleza
Legenda: Adolescentes estão sendo vacinados com a Pfizer no Ceará desde o último mês
Foto: Thiago Gadelha

Mesmo com decisão contrária do Ministério da Saúde (MS), o Ceará manteve a vacinação contra a Covid-19 para adolescentes de 12 a 17 anos. A definição foi tomada nesta quinta-feira (16), em reunião extraordinária da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e divulgada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). 

Segundo o que foi discutido no encontro da CIB-CE, a pasta federal tomou uma "decisão unilateral, sem dialogar com estados e municípios".

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Nesta quinta, o MS mudou a orientação e soltou nota informativa para que essa faixa etária não seja imunizada.

A exceção é para adolescentes com deficiência permanente, com comorbidades ou que estejam privados de liberdade. A pasta ainda orientou que os que já tivessem tomada a primeira dose não completassem o esquema vacinal.

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Os gestores de saúde integrantes da CIB-CE, incluindo Sesa e Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Ceará (Cosems-CE), defendem que a decisão sobre a pauta dos adolescentes seja pactuada em Comissão Intergestora Tripartite (CIT) entre União, estados e municípios.

O Cosems divulgou nota reforçando a importância da vacinação da faixa entre 12 e 17 anos e pontuou que a aplicação de vacinas será mantida até que seja realizada uma Reunião Extraordinária da CIT.

Adolescente sem efeitos adversos graves

Em nota divulgada pela Sesa, é pontuado que nenhum dos 196.835 adolescentes vacinados no Ceará até esta quinta registram efeitos adversos graves no pós-vacinação. 

Resolução de número 117/2021 do CIB-CE detalha que só foram identificadas quatro reações não graves, o que representa 0,002% dos vacinados.

"A Sesa entende que a imunização desse grupo populacional é fundamental para as metas de diminuição de circulação viral e consequentes abrandamento dos efeitos da pandemia e prosseguimento do plano de retomada das atividades econômicas no Estado", diz a pasta.

A continuidade da vacinação para adolescentes com ou sem comorbidades é pautada também em apoio posicionamento dos conselhos Nacional de Secretários de Saúde (Conasems) e Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Por meio da redes sociais, o governador Camilo Santana compartilhou a informação e pontuou que o Estado segue "na luta para imunização nossa população o mais rápido possível".

Fortaleza segue decisão

O prefeito de Fortaleza Sarto Nogueira publicou na noite desta quinta que a Prefeitura irá acompanhar a decisão da CIB-CE e continuar a imunização.

Até o momento, a Capital cearense já vacinou 136.243 adolescentes. Para esta sexta-feira (17), há, inclusive repescagem da faixa etária, com 7.400 agendados.

Definições pelo Brasil 

Após a nota do MS, alguns estados e municípios já pronunciaram sobre a vacinação de adolescentes. O Governo de São Paulo afirmou que continuará a imunização desse público e lamentou a decisão do Ministério.

"Impedir a vacinação integral de jovens é menosprezar o impacto da pandemia na vida deste público", disse o Executivo Paulista em nota nas redes sociais. 

Já o Governo do Distrito Federal anunciou que vai seguir o MS e suspender a vacinação. As Prefeituras de Natal (RN) e Salvador (BA), também não irão mais vacinar pessoas de 12 a 17 anos. 

Justificativa do Ministério da Saúde 

Durante a coletiva, o ministro da Saúde adotou um tom alarmista para criticar estados e municípios por vacinaram adolescentes. Ele mencionou um óbito que não tem causa confirmada e eventos adversos em jovens. 

“Desses 3,5 milhões que receberam vacina de forma intempestiva, cerca de 1.500 apresentaram eventos adversos”, disse. 

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, apontou na coletiva que apenas 1.545 pessoas desta população (3,5 milhões) imunizada teve efeitos adversos leves.

Do total de eventos adversos registrados, 93% foram relacionados a erros de imunização — quando o imunizante aplicado foi o não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No Brasil, apenas a vacina da Pfizer tem permissão para uso em pessoas de 12 a 17 anos.

Os jovens com efeitos adversos, segundo o MS, receberam vacinas CoronaVac, AstraZeneca e Janssen.

Imunizante incorreto 

No Ceará, segundo o Ministério, 1.202 adolescentes receberam o imunizante de outros fabricantes que não foram a Pfizer. São eles:

  • 693 - AstraZeneca;
  • 490 - CoronaVac;
  • 19 - Janssen.

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