Após polêmicas com Karla Sofia Gascón, Netflix considera avaliar redes sociais de atores

A diretora de conteúdo da Netflix, Bela Bajaria, comentou pela primeira vez o escândalo que ocorreu na campanha de divulgação do longa “Emilia Pérez”

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 21:55)
Karla Sofia Gascón é uma mulher transgênero de longos cabelos castanhos escuros
Legenda: Karla Sofía Gascón é a primeira transgênero a concorrer ao Oscar com o filme Emília Pérez, da Netflix
Foto: Shutterstock

A diretora de conteúdo da Netflix, Bela Bajaria, comentou pela primeira vez o escândalo que ocorreu na campanha de divulgação do longa “Emilia Pérez” após publicações antigas de Karla Sofia Gascón nas redes sociais virem à tona. Com a situação, a empresa não descarta a possibilidade de verificar as postagens nos perfis dos artistas, mas aponta que essa triagem não é fácil de se colocar em prática.

Ela disse que essa análise não faz parte da política de Hollywood, mas que esse processo está sendo reavaliado. “Será que isso será uma prática padrão daqui em diante? Acho que o time fez um trabalho incrível na campanha [de “Emilia Pérez”] e acredito que este caso esteja levantando perguntas e fazendo muitas pessoas repensarem”, afirmou, em entrevista ao The Town Podcast.

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Questionada sobre o posicionamento da Netflix, ela admitiu que há discussões sobre o tema, mas apontou dificuldades práticas, com “olhar as redes sociais de milhares de pessoas ao redor do mundo”.

“Acredito que todos nós estamos falando sobre isso. Mas você também precisa pensar, nós vamos realmente olhar as redes sociais de milhares de pessoas ao redor do mundo, todos os dias, da montanha de filmes e séries originais que licenciamos e coproduzimos? Acho que isso extrapola de forma prática o que significa tudo isso. São os perfis particulares dessas pessoas. Mas [a situação] com certeza traz questionamentos. Como deve ser esse processo”, pontuou.

Ela lamentou que a polêmica tire a atenção “de um filme que é muito especial”. “Se você olhar para as indicações e todos os prêmios que o filme já recebeu, é uma pena porque [o caso] desviou o olhar de tudo isso, sequestrou a conversa desse filme incrível do Jacques Audiard”, disse.

Série de polêmicas

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón se tornou a primeira atriz trans a ser indicada à categoria de melhor atriz no Oscar. Ela também foi convidada para o Festival de Cinema mas, em decorrência de um “sumiço nada espontâneo”, não apareceu.

Para se ter uma ideia da confusão, a Netflix, serviço de streaming responsável pela distribuição de “Emilia Pérez” nos Estados Unidos, decidiu não arcar mais com as despesas de acomodação da atriz para futuros eventos de campanha e premiações no país.

O filme, que lidera a corrida à maior estatueta do cinema, com 13 indicações, se envolveu em uma série de polêmicas sobre roteiro e representatividade. Mas o maior escândalo foram as mensagens racistas antigas de Karla encontradas por internautas.

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Nem mesmo a colega de filme teria sido poupada. Em um tweet de anos atrás, ela se referiu à Selena como “rata rica”. Gascón negou que a autoria da publicação, mas não outras.

Entre essas polêmicas também estão algumas falas do diretor do longa, o francês Jacques Audiard. Em entrevista concedida em agosto de 2024, ele falou sobre a escolha de fazer um filme em espanhol e disse que essa é uma língua “dos pobres, dos imigrantes”.

“Não queria que fosse em inglês, seria bizarro se fosse em francês... Seria como se fosse em alemão, absurdo. Virou um filme internacional quando eu disse: vamos cantar em espanhol. Era óbvio”, disse ele, ao site Konbini. “Outra coisa que me ocorreu foi que o espanhol é a língua dos países emergentes, modestos, dos pobres, dos imigrantes”, acrescentou.

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