Victoria é uma excelente opção para quem deseja curtir o autêntico verão canadense
A pequena e charmosa Victoria, capital da Colúmbia Britânica, distante a 93 quilômetros de Vancouver, surpreende com suas praias, jardins e parques
Quando fui selecionada em 2016 para realizar um estágio de três meses em Victoria, no Canadá, imaginei que faria visitas frequentes a Vancouver - distante 93km -, pois não encontraria muitos atrativos em uma cidade tão pequena. Com cerca de 380 mil habitantes, situada em uma ilha, é conhecida popularmente como o lugar dos newlywed and nearly dead (recém-casados e quase mortos), por ser a "queridinha" de aposentados e casais que desejam formar uma família.
Entretanto, a capital também abriga uma diversa população estudantil, graças a duas grandes instituições de ensino: a Camosun College e a University of Victoria, onde trabalhei durante o verão. Hoje, arrisco dizer que é melhor programar uma viagem mais curta a Vancouver e prolongar a estadia na charmosa capital da Colúmbia Britânica.
Logo no primeiro dia, notei que todas as casas e estabelecimentos eram cuidadosamente decorados com flores de inúmeras espécies. Não demorou para que eu descobrisse outro apelido pelo o qual a cidade é conhecida: Garden City (Cidade Jardim). O clima ameno, com verões ensolarados e invernos praticamente sem neve, favorece o cultivo de jardins exuberantes, o que é também um hobby para muitos habitantes do lugar.
Os apreciadores de jardinagem não podem deixar de conhecer o The Butchart Gardens - aproximadamente 22 hectares de jardins que contam com 900 espécies de flores. Esses jardins podem ser visitados em todas as estações do ano, mas durante o verão são realizados espetáculos de fogos de artifício, sempre aos sábados, atraindo até mesmo quem não é tão fã das plantinhas. O valor dos ingressos, para adultos acima de 18 anos, varia de acordo com a época do ano, indo de 18.75 dólares canadenses em janeiro, a CAD$ 33.80 no verão.
Trilhas
A natureza da região é, aliás, um dos pontos altos. Para os sedentários, como eu, recomendo começar as aventuras subindo o Mount Douglas pela Irvine Trail. O acesso ao parque, onde está a trilha que eu segui, pode ser feito por transporte público de Victoria, com percurso de 4.5km. Do topo do monte é possível ter uma perspectiva de 360 graus da cidade e sentir-se completamente em paz consigo mesmo. Além disso, se a caminhada for um desafio, o sentimento de "dever cumprido" é melhor ainda!
Depois de me acostumar com as andanças, juntei-me a alguns amigos para percorrer a famosa trilha do Goldstream Park, que leva até a estrada de trem sobre a mata. Como o parque é situado em Langford, a 18km de Victoria, contar com o transporte público é difícil, mas não impossível. O trajeto é mais complicado que o do Mount Douglas, com trechos íngremes e, dependendo do clima, escorregadios.
O trajeto, porém, é muito bonito e andar sobre os trilhos do trem faz você se sentir no filme "Conta Comigo", de 1986. Há também uma pequena cachoeira no caminho, onde enchemos nossas garrafinhas na volta - até hoje não sabemos se a água era de fato potável. No caminho para o parque, uma parada para visitar o Hatley Castle é essencial: o lugar serviu de cenário no cinema para a Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier, dos filmes da saga X-Men e para a X-Mansion em Deadpool.
Litoral
Para aqueles que gostam de passar mais tempo relaxando, o Thetis Lake é uma opção para piqueniques à beira do lago (onde é possível tomar banho no verão) e fazer caminhadas. Victoria conta ainda com praias agradáveis como a Willows Beach e Cadboro Bay, sendo esta última próxima à universidade e a um restaurante tailandês com refeições a preços acessíveis, o Thai Lemongrass.
Uma rota bacana para ser feita durante o dia é visitar o Beacon Hill Park - um parque com caminhos pelo bosque, playground e até a pequena fazendinha onde é possível interagir com os animais - e depois seguir caminhando ou pedalando pela Dallas Road até chegar a Ogden Point, uma estação portuária. Lá, pode-se caminhar pelo píer até um farol e depois tomar café no Breakwater Bistro, com direito a vista para o mar.
Outra parada obrigatória é visitar o Fisherman's Wharf (Cais do Pescador), uma região entre o Ogden Point e o centro de Victoria, repleta de estabelecimentos flutuantes e focas - sim, você pode ver os bichinhos de perto. Elas costumam ser alimentadas por turistas e visitantes que compram os famosos fish and chips (peixes empanados com batata frita).
Aliás, Victoria é o lugar perfeito para realizar passeios de observação às orcas em alto mar. Existem pacotes exclusivos para isso, mas se você tiver sorte como eu tive, é possível vê-las no trajeto de balsa entre a capital e Vancouver.
Entretanto, meu lugar preferido em Victoria é Downtown, o centro da cidade, próximo à orla. Lá fica o prédio do Parlamento da Colúmbia Britânica, um dos cartões-postais, e onde encontramos artistas se apresentando gratuitamente nas ruas. Ao caminhar pelo centro, você estará cercado pelo mar, prédios elegantes como o Hotel Grand Pacific, restaurantes e lanchonetes como o Dog Gone It, onde é possível comer cachorros-quentes gourmets por CAD$ 5.
O local está repleto de pubs com música ao vivo e programações como bingo musical, trivias e karaokês. Dentre os mais famosos estão o Bard & Banker e o Irish Times Pub, porém devido ao preço, ambos costumam ter um público maduro. Para os jovens, os mais badalados são o Yates Street Taphouse e o Canoe Brewpub, uma cervejaria com vista para o mar que abriga festas durante a noite.
O Felicita's Pub, embora distante de Downtown, também é uma boa pedida para quem quer se divertir a noite gastando pouco, pois é localizado na própria Universidade de Victoria e, portanto, possui preços mais camaradas para estudantes. Durante meus três meses em Victoria, visitei Vancouver apenas duas vezes, e ainda sinto que não vi tudo o que a pequena ilha tem a oferecer.
SERVIÇO:
Como chegar
O meio mais fácil para chegar a Victoria é de avião. Companhias como Air Canada, Delta, WestJet, Pacific Coastal e Allaska Airlines operam no pequeno aeroporto da cidade. O meu trajeto começou por Fortaleza, Guarulhos, Toronto, Vancouver e, finalmente, Victoria. Ao desembarcar em Vancouver temos a opção de embarcar em um avião da Harbour Air Seaplanes, que custará em média de CAD$ 200 (trecho, que dura 30 minutos) - a vantagem é desembarcar em um local mais central em Victoria. Para quem busca economizar, é simples pegar um ferry de Vancouver para Victoria pagando apenas CAD$17.20 o trecho, com duração de 3 horas e meia. Porém, não é indicada para quem está com muita bagagem, pois as filas são longas e, às vezes, demoradas. Também é possível pegar um ferry partindo de Seattle, nos Estados Unidos, por $99 (dólares americanos) o trecho de 2 horas e 45 minutos - compras de ida e volta saem por volta de $130.
Transporte
Como Victória é uma cidade pequena, se locomover de ônibus ou de bicicleta pelos pontos turísticos principais é fácil. É possível adquirir um passe diário ilimitado de ônibus por CAD$ 5 ou um mensal por CAD$ 85. A cidade é extremamente limpa e segura, contando ainda com esquemas de horários fixos nas paradas de ônibus. Alugar bicicleta também é uma possibilidade, mas os preços variam de acordo com a finalidade do uso e o tempo de aluguel.
Alimentação
O poutine, prato originário do Canadá deve ser experimentado. Trata-se de uma porção de batatas fritas e cubinhos de queijo cobertos por delicioso molho de carne (CAD$ 8 a CAD$ 13). Entretanto, Victoria tem preços elevados, mas nas promoções é possível comer bem gastando pouco. O Bin 4, por exemplo, oferece um hambúrguer com porção grande de acompanhamento por (CAD$17), sendo a metade do preço para quem chega após às 21h. Gorjetas não são cobradas, mas são vistas como um gesto de educação, logo é importante sempre fazer os cálculos levando em consideração os famosos 10%. Além disso, se for consumir bebida alcoólica é necessário apresentar dois documentos de identificação. Água é servida de graça em todos os lugares.