Som-mensagem

Em aula aberta, Mahmundi divide a experiência como produtora e artista antenada com a realidade brasileira

Escrito por Antonio Laudenir - Repórter , laudenir.oliveira@diariodonordeste.com.br
Legenda: "Na escola é muito bonito esse diálogo. Foi o que mais me motivou a estar aqui pra ouvir", argumenta Mahmundi sobre os parceiros de trabalho em Fortaleza

Os últimos quatro anos, 26 projetos foram selecionados para o Laboratório de Música da Escola Porto Iracema das Artes. Durante o período, diferentes linguagens e propostas sonoras fizeram da iniciativa um referencial no tocante à produção e formação musical no Ceará. Alguns artistas aproveitaram a oportunidade e conseguiram estabelecer carreiras prolíficas, caso de Jonnata Doll e os parceiros Garotos Solventes. Outros, mesmo distantes da ideia inicial pela qual participaram do Laboratório, seguem tendo a arte como farol.

Na esteira de possíveis êxitos, destaca-se o desenvolvimento da relação entre músicos e produtores convidados. Cada banda, grupo ou artista conta com a tutoria de algum profissional estabelecido na cena brasileira. A experiência pouco se limitou ao ambiente da escola e o público também ganhou com a troca de ideias.

Hoje, a partir das 19h, a cantora Mahmundi insere outro capítulo na atuação do Laboratório, com a aula aberta e gratuita "Trajetória e Processos Criativos". Tutora convidada do projeto "Arquelano: ainda sou um ponto", a carioca compartilha um pouco de sua trajetória como artista e fala do processo criativo enquanto produtora.

Mahmundi festeja a oportunidade do diálogo, sem aquele rigor de uma aula hermética. "Gosto de conectar mudanças e estar aberta a somar. Minha vinda a Fortaleza é mais sobre o Arquelano do que sobre mim, é de entender nosso papel na vida das pessoas. Estou aqui muito mais como ouvinte", argumenta.

Os últimos meses foram agitados e prolíficos para a compositora. O recente álbum "Para Dias Ruins" (2018) reflete o otimismo de uma criadora sensível aos atuais momentos do Brasil. O disco é a receita de uma mensagem de alegria diante do caos.

Fortaleza

Durante a aula aberta serão apreciadas novidades do processo de composição e produção de música, além de questões relacionadas ao papel do artista frente às atuais questões do País. Tudo com a participação dos integrantes do Arquelano: Benjamin Arquelano, Théo Fonseca e Emília Schramm.

Sobre o envolvimento com o projeto cearense, o momento é de mediar o que já foi gravado pelo trio. "Me vejo como advogada da música", confidencia Mahmundi durante a entrevista. Tal postura é bem semelhante ao modo como ela produz os próprios discos, sempre se cobrando e questionando rumos musicais. "Meu apoio é defender o resultado final e desmistificar esse negócio da música independente não ser popular. Ela pode ser consumida por muitas pessoas, mas sem essa de ser celebridade. Isso já está cheio no mundo", critica.

Sobre os "pupilos" no Porto, ela dispara: "Arquelano é talentoso, consciente de uma música ampliada na questão da visibilidade negra. Nesse momento, precisamos de gente capaz de tocar o outro". Palavras de quem compreende sua atuação como produtora e deixa isso bem definido em cada disco. "Interessa-me explorar o som. O ideal, para mim, é construir a melhor forma de me comunicar com a música".

Serviço

"Trajetória e Processos Criativos"

Aula aberta com a cantora e compositora mahmundi. Hoje (11), às 19h, na escola porto iracema (r. Dragão do mar, 160, praia de iracema). Gratuito. Contato: (85) 3219.5842

 

Assuntos Relacionados