Série "Apenas Cães" emociona ao contar histórias reais de cachorros e seus donos
Atração da Netflix aborda a ligação forte e companheira entre cães e seres humanos. Sem enveredar para o sentimentalismo, as narrativas ajudam a refletir sobre temas pertinentes e atuais
A relação entre cachorros e seus tutores já foi demasiadamente explorada em produtos audiovisuais. Abordar o amor puro de um companheiro de quatro patas é uma fórmula certeira para enternecer quem não resiste a um focinho e abanar de rabo. Mas é sem tocar no óbvio que a série “Apenas Cães”, lançamento recente da Netflix, emociona.
Composto por seis episódios, cada um com cerca de 50 minutos, o seriado apresenta histórias reais da Costa Rica ao Japão, da Síria aos Estados Unidos. Em forma de documentário, a série revela a rotina de Corrine, uma menina que tem epilepsia em sua expressão mais grave.
Após o diagnóstico, mãe, pai e irmã dedicam-se quase integralmente para acompanhar a garota. Em busca de tornar o dia a dia mais leve e dar independência à filha, a família ganha mais um integrante, Rory, um cão treinado para identificar as crises da doença.
A ligação entre a menina e o cachorro é contada paralelamente ao trabalho feito por animais com essa função.
A história comovente da dupla não apela para o piegas ou clichê, ela apenas acontece. E, assim, a série envolve pelo o que é dito, mas é no não dito que alcança a sensibilidade.
Em meio à guerra
O mesmo acontece na narrativa do segundo episódio, “Zeus está preso”. O portador do nome de um deus mitológico é um belo husky siberiano, que vive na Síria. Ele foi separado do seu dono, que precisou deixá-lo com um amigo, ao fugir às pressas da guerra.
Agora, o amigo também pretende deixar o país e não há um novo lar para Zeus.
O episódio acompanha a saga do dono, que com a ajuda de uma ONG, tenta levar o cão para a Alemanha, onde encontrou refúgio.
O caso exemplifica e conduz o espectador a refletir sobre um assunto raramente explorado: a situação dos animais moradores de países em guerra.
A atração foca também nos tosadores dos quatro cantos do mundo e na dedicação de um casal e seus ajudantes que trabalham diariamente em um santuário na América Central - o maior do mundo para cães -, que abriga 1.200 animais.
“Cada cachorro merece ter um lar”, arremata, um dos fundadores do santuário, com a ideia que parece óbvia mas é cada vez mais importante ser repetida.