Professor cearense Regis Frota lança "Ensaios Sobre o Cinema Moderno"

Menos de um ano depois de publicar obra sobre a cinematografia do Chile, professor e pesquisador cearense Regis Frota lança "Ensaios Sobre o Cinema Moderno", onde atravessa e discute sobre a sétima arte dos últimos 50 anos

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@diáriodonordeste.com.Br

Regis Frota guarda paixão incalculável pelas letras e pelo escuro do cinema. Das duas manifestações costurou boa parte da vida dedicada ao magistério e pesquisa. Em 2019, meses depois de emplacar publicação sobre a cinematografia chilena, a rotina de leituras e apreciações se encontram novamente por meio do livro "Ensaios Sobre o Cinema Moderno", cujo lançamento acontece hoje, às 19h, no Ideal Clube de Fortaleza. Trata de textos pontuais sobre a arte cimatográfica produzida no último meio século. Tarefa árdua, recompensada por meio de análises sobre cineastas e criaturas pontuais desta expressão artística.

Através de nove ensaios, o " livro pequeno, bom de se ler num fim de semana", comenta Frota com bom humor, passeia pelo universo de diferentes realizadores da área. Costura de Krzysztof Kieslowski (1941-96) a Andrei Tarkovski (1932-86). Esgarça de Sebastián Lelio a Ingmar Bergman (1918-2007). "Meu interesse foi trazer informação sobre cada exemplar de diretor, mas com a visão específica sobre a noção de modernidade no cinema", avalia o autor.

O cinema, reflete, conheceu até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) o grande "ciclo de ouro" de Hollywood, marcado pelos grandes musicais, fitas de caubói e todo espécie de entretenimento coletivo para amenizar as dores da sangrenta batalha. Com o fim do conflito, nações como Itália e França passam a interpretar a realidade de outra maneira. Para tanto, Frota relembra os casos do Neorrealismo italiano, onde atores não profissionais passaram a ser inseridos nas produções. O cinema europeu, assim, deixa de lado a ideia de sucesso norte-americana, refletida pelas grandes paisagens dos westerns (populares também no Brasil como "bang bang") ou os conflitos urbanos encenados nos filmes noir e de gângster, trabalhos até então com bastante sucesso.

"Começaram, então, a não mais descrever esses panoramas coletivos e, sim, a psicologia dos personagens", arremata. Diante desse montante histórico, o escritor cearense invade o legado de Kieslowski, questionado se o cinema do polonês continua vivo na atualidade. Tarkoviski é repassado através do legado deixado nos sete filmes produzidos. No terceiro capítulo, aborda paixão e velhice na produção argentina "Elsa & Fred" (2014), de Michael Radford.

Literatura

Desterro, abismo e apocalipse na imagem, sobretudo em "Melancolia" (2011), de Lars von Trier, são explicitados através de elementos da filosofia, psicologia e cultura pop. Como o erotismo, elemento decisivo na peça criada pelo dinamarquês, é capaz de ser agente também contra a depressão. Na voracidade de adentrar o Cinema Moderno, eclodem apreciações sobre Walter Benjamin (1892-1940), e a seminal publicação "A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica".

Ao olhar decisivamente sobre estes cineastas, entre escritores que dedicaram estudos a desvendar essa arte, Frota entrega empenho próximo de ensaístas como Amir Labaki, Ismail Xavier e Walter da Silveira. "A minha tendencia é tentar me respaldar na ensaística", reflete o também presidente da Academia Cearense de Cinema. Recorrer à beleza dos ensaios, garante, estabelece um momento poderoso na biografia do escritor.

Regis Frota estipula os passos em torno do cinema e resgata contextos históricos e sociais envolvidos. Antes de ver cinema, ler sobre também é uma das grandes diversões dessa manifestação tão presente na cultura dos últimos 100 anos. "O objetivo é esse, tentar aprofundar pela via do ensaio essas reflexões sobre a contribuição literária e cinematográfica desses criadores", finaliza o autor.

Ensaios Sobre o Cinema Moderno
Regis Frota
2019, 160 páginas
R$ 29,90

 

 

 

Assuntos Relacionados