Prevenção e sensibilidade

Em 2018, a campanha Outubro Rosa agrega a dimensão emocional sobre a prevenção e o tratamento do câncer de mama

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: A tatuadora Carol Telles teve câncer aos 25 anos, mas hoje está curada
Foto: FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA

Há 21 anos, quando a campanha Outubro Rosa começou nos Estados Unidos, a prevenção do câncer de mama passava, a princípio, pelo olhar da medicina convencional. Orientações como a importância do autoexame da mama e atenção para os fatores hereditários da doença estiveram (e ainda estão) entre as contribuições para lidar com o problema.

Nesse cenário, as terapias integrativas atuam como um complemento para compreender e tratar, emocionalmente, o câncer de mama. A terapia da Constelação Familiar, por exemplo, toca nas dinâmicas do inconsciente da mente humana, a fim de investigar quais seriam os bloqueios psíquicos que envolvem a doença.

Legenda: Dinâmica da Constelação investiga bloqueios emocionais

Na última segunda (15), o encontro "Câncer - um olhar sistêmico através da Constelação Familiar" foi realizado no espaço Árvore da Vida (Cidade dos Funcionários), abrindo a programação do local pela campanha do Outubro Rosa. Segundo o terapeuta Jorge Barbara, facilitador da dinâmica, a carga emocional relacionada ao câncer de mama se relaciona, sobretudo, com duas questões, segundo a visão da constelação.

Para Jorge, um desses pontos é a "rejeição materna", ou seja, algum bloqueio que a mulher pode ter em relação à maternidade (que pode ter origem no relacionamento com a própria mãe, por exemplo). O segundo é um desequilíbrio na dinâmica comportamental do "dar e receber". A paciente se entregar demais a tudo que faz (ou o contrário, não se doar) pode ter ligação com o surgimento da doença.

Indagado se a Constelação Familiar pode ajudar na cura ou ao menos promover o bem-estar durante o tratamento da doença, Jorge Barbara é enfático: "pode contribuir sim, e bastante, inclusive. Trazendo para o nível da consciência a necessidade de não reproduzir mais o fato (que ajudou a provocar a doença). Por exemplo, acolhendo e reverenciando a parte materna", esclarece o terapeuta.

Ele acrescenta que outras terapias integrativas, a exemplo da aplicação do reiki (terapia bioenergética), também contribui com esse alívio. Interessada na abordagem da Constelação Familiar, a dentista Maria Gessi Braga, 71, acompanhou uma irmã que se curou do câncer de mama há sete anos.

"Ela está bem, mas o tratamento continua. Essa doença nos pega de surpresa e quem teve precisa continuar atento. A Constelação é uma ferramenta de autoconhecimento e vejo que é importante essa contribuição", observa Gessi.

Hereditariedade

A tatuadora Carol Telles, 29 anos, teve câncer de mama aos 25. Quando descobriu o nódulo no seio, ela viu-se como paciente da mesma doença que a mãe tivera, 14 anos antes. "Eu era bem novinha (quando a mãe adoeceu), ainda nem pensava nessas coisas. Mas durante meu tratamento só queria acabar logo com isso (e curar a doença)", conta. Carol recapitula que não procurou apoio psicológico durante o tratamento. No início, até tentou conversar com um psicólogo, mas achou o apoio familiar suficiente.

"Tive muito apoio da família, então não senti necessidade. Mas quando acabou (o tratamento), aí sim senti a necessidade de procurar ajuda e conversar, porque fiquei me perguntando 'e agora, o que fazer?'", recorda.

Ela lembra que não sentia firmeza na cura, assim que o médico lhe deu alta. E ficou paralisada, sem conseguir produzir e voltar a trabalhar. Carol procurou um tratamento psiquiátrico e psicanalítico; que lhe ajudou a dar o passo seguinte.

"Com a análise, a gente conversa e passa a ter força para fazer coisas que não conseguia. Tem coisas que a gente não dá conta sozinho (na vida)", reforça a artista.

"Sou tatuadora, canhota, tive câncer do lado esquerdo. Na volta, não sabia mais se era capaz de trabalhar de novo", completa ela. Agora, Carol planeja tatuar mulheres mastectomizadas, mas diz que ainda precisa de coragem para tocar o projeto.

Sintomas

Mudança na cor, no tamanho ou no formato do seio; inchaço em parte da mama; irritação, vermelhidão, descamação ou aparecimento de irregularidades na pele, como covinhas ou franzidos; saída de secreção espontânea, incolor ou hemorrágica pelo mamilo e/ou retração, desvio ou dor no mesmo; caroço duro na axila.

Exames

A mamografia é o exame mais importante para o diagnóstico precoce do câncer de mama, pois detecta o tumor antes de aparecerem os sintomas. A recomendação é que as mulheres façam o exame a partir dos 35 anos. O autoexame deve ser feito antes, a partir dos 20 anos, entre sete e 10 dias após o início da menstruação. Ambos os exames se complementam.

Causas

A maioria dos casos de tumor de mama - 90 a 95% - é causada por mutações genéticas não hereditárias, ou seja, associadas a fatores ambientais (alimentação, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e nicotina, por exemplo) e reprodutivos (exposição ao hormônio feminino estrógeno).

Incidência

O tumor de mama afetará quase 60 mil mulheres no Brasil este ano: é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no País. Raro antes dos 35 anos, a incidência cresce acima dessa idade, e especialmente após os 50 anos.

Fontes: ICC, IBCC e INCA

Serviço

Exames gratuitos e orientações de prevenção à doença

Nesta quarta (17), a partir das 18h, no Projeto Quarta Iracema, no Largo dos Tremembés, próximo ao Estoril (Rua dos Tabajaras, 397, Praia de Iracema)

Atendimento e orientação de prevenção da doença, com serviços de aferição de pressão arterial, massagens, dentre outros

Nesta quarta (17), das 14 às 20 horas, no Shopping Riomar Kennedy (salão de eventos l2)

Exposição mediada em alusão à campanha

Dias 19 e 26/10, no restaurante Riomar Fortaleza (Shopping Riomar)

Encontro "Radiestesia: como auxiliar na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer"

Com o terapeuta Sérgio Bosco, no próximo dia 29, às 19h, no Espaço Árvore da Vida (Rua Juiz de Fora, 105, Cidade dos Funcionários)

Projeto Quiosque Solidário recebe a Associação Toque de Vida, que ajuda pacientes mastectomizadas, no piso L2 do Shopingg Riomar Kennedy

 

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