Pintor holandês Ruben Ireland é destaque em galeria de Fortaleza

Com obras marcantes e expressivas, o holandês radicado na Inglaterra é um dos líderes de venda na galeria de arte Urban Arts, presente em Fortaleza e em outras cidades brasileiras

Escrito por Redação ,

Não se pode negar: os 30 e tantos graus que comumente ardem no Ceará dão certo passe para uma cerveja gelada. Foi assim, finalizando uma cerveja com a descontração de um nativo da terra do sol, que o holandês Ruben Ireland, 31, recebeu a reportagem do Diário do Nordeste para entrevista na Urban Arts, onde as obras dele estão expostas e são vendidas. O pintor participou de uma noite de conversa e autógrafos na galeria, na última terça-feira (19).

Nascido em Amsterdã, mudou-se ainda criança para Londres, onde reside até hoje. Filho de um pai músico e uma mãe ilustradora, Ruben vive imerso na arte desde o berço - talvez por isso não tenha lembranças de uma época em que não desenhasse. Antes da faculdade, chegou a trabalhar em supermercados e em cinemas, fazendo da pipoca à limpeza. De todos os empregos que já teve, somente um foi natural: o de artista.

Estilo

Lembrado pela identidade consistente e marcante, Ruben Ireland retrata principalmente híbridos de figuras femininas com corpos de animais. "Eu sinto que tenho uma gama maior de expressões faciais e detalhes a serem trabalhados em personagens femininas. Me dá mais possibilidades.

Há certa fragilidade e, ao mesmo tempo, uma força imensa em todas as mulheres. Eu tento representar esse contraste

Legenda: "News From Afar", de Ruben Ireland
Foto: Foto: Divulgação

Tão complexo quanto as figuras retratadas é o processo criativo, que envolve desde experiências cotidianas nas ruas a inspirações em fotografias. "Primeiro, eu coleto imagens de referência. Às vezes, contato pessoas nas redes sociais pedindo permissão para usar as fotos delas, às vezes uso até selfies minhas. Faço colagens e altero as medidas, as texturas, as formas dos olhos, bocas, narizes".

Segundo o pintor, a ideia dessa mistura é despertar a identificação do público. "É mais fácil de se identificar quando a pintura não é sobre alguém específico. Quando eu olho para uma obra, posso me ver ali, mas se você olha, pode se ver, também", diz.

Legenda: "The Mound II", de Ruben Ireland
Foto: Foto: Divulgação

Além do rico processo de criação, o nível de refinamento das obras também é consequência de anos de experimentação e de escolhas que fogem do óbvio. Água suja e até gordura de panela foram alguns dos insumos incomuns utilizados por ele.

"Eu experimentava coisas aleatórias para fazer as texturas e cores. Isso era uma forma de não digitalizar totalmente a obra, porque que a parte tradicional, de fazer com minhas próprias mãos, é muito importante para mim", relata.

O uso desses materiais "estranhos" não mais acontece, mas os trabalhos do holandês continuam como uma mescla de arte digital e tradicional.

Destaque

Em meio a outros tantos talentos expostos na Urban Arts, Ruben é um dos destaques de venda. Parceiro da galeria desde o início, ele tem obras expostas em todas as lojas da franquia espalhadas no Brasil e chegou a fazer uma tour por algumas delas, em outubro de 2018.

Foi nessa ocasião, inclusive, que conheceu e se encantou por artistas brasileiros. "Eu vi muita coisa e artistas que gostei aqui no Brasil. Um deles foi o Jabuh, artista plástico de Teresina. Ele é incrível", dispara.

Incerto sobre o futuro, ele considera a possibilidade de sair da Inglaterra para morar em outro país, e não descarta o Brasil. O que se tem de certeza é que, seja aqui, na Inglaterra, ou qualquer outro lugar, ele não se vê fazendo outra coisa que não arte. E, cá entre a gente: com esse talento todo, nem deve.

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