Livraria Lamarca sedia lançamento, nesta terça-feira (8), do novo livro do poeta Léo Prudêncio

Publicado pela Editora Moinhos, “Girassóis Maduros” tece descrições sobre a vivência do artista em Goiânia

Escrito por Diego Barbosa , verso@verdesmares.com.br

À primeira vista, levando em consideração apenas o título, “Girassóis Maduros” é a tradução de um olhar todo atento à natureza. Logo nos primeiros versos da nova obra de Léo Prudêncio, o conceito se dissipa, porém. O leitor se depara com um mergulhar inspirado nas diferentes dimensões humanas, pondo em relevo a saudade e a espontaneidade, por exemplo.

O livro – o terceiro do autor, após “Baladas para violão de cinco cordas” (2014) e “Aquarelas” (2016) – será lançado nesta terça-feira (8), a partir das 18h, na Livraria Lamarca, no Benfica, com mediação de Mikaelly Andrade, poeta natural de Quixeramobim.

Nas palavras do próprio autor, em entrevista ao Verso, trata-se “da minha produção mais importante até aqui”, impressão que se fortalece conforme os comentários recebidos por quem já leu o material.

“Muita gente me diz que é um livro muito forte. Tenho um carinho enorme por cada palavra dele”, confessa. O afeto maiúsculo é justificado: a obra soma, no miolo, as paisagens goianienses e a saudade constante do Ceará por parte do poeta – natural de São Paulo, mas filho de cearenses de Crateús – o que reflete o investimento em temas tão caros a quem distante de algo está.

“Minha alma é cearense. Por incrível que pareça, aprendi a amar mais e melhor o Ceará morando em Goiânia. Às vezes, a distância serve para que a gente entenda melhor a si mesmo: de onde somos, de onde viemos e o que somos. Sou um poeta do Ceará! Não gosto quando dizem ou escrevem que sou paulistano ou que fui radicado em Goiás. Sou cearense até que provem o contrário”, brinca.

Haicais

Com conceito esboçado em meados de 2016, o livro é todo feito de haicais – poemas curtos de origem japonesa – e foi ganhando corpo a partir de leituras de autores como Pedro Xisto, Bashô, Manoel de Barros e Alberto Caeiro.

O título, conta Prudêncio, foi retirado da união de dois títulos de livros do poeta Francisco Carvalho, como forma de homenagear o poeta fortalezense: “Pastoral dos tempos maduros” e “Girassóis de barro”. 

“Mas tem essa simbologia legal do girassol e da maturidade”, pondera. “É um título lindo, eu adoro, creio que todos nós temos um pouco de girassol dentro de nós. A força desses versos acredito que esteja na espontaneidade e na observação da natureza e do mundo ao redor. Creio que seja um livro escrito por um outsider, um estrangeiro, um nômade, um eremita vagando pelas ruas da capital goiana”.

Legenda: Poeta que morou no Ceará durante 20 anos, Léo Prudêncio tem como influências Pedro Xisto, Bashô, Manoel de Barros e Alberto Caeiro
Foto: Foto: Divulgação

O interesse em registrar tudo nesse gênero literário específico nasceu depois da leitura de “Lanternas cor de aurora”, do professor, poeta, crítico literário e ensaísta Sânzio de Azevedo.

Léo enxerga que, nesse contexto, sua poesia está mais ligada à liberdade de métrica e de rimas, se considerando um seguidor das doutrinas do Concretismo e da poesia moderna de 45. “Sem esquecer dos avanços textuais de lá até a nossa contemporaneidade”, destaca.

Independente

Sendo um artista independente, Léo Prudêncio, ao observar o movimento do mercado editorial, afirma que não há editoras que invistam em autores nesse perfil a nível local.

O lamento, contudo, logo converte-se em esperança quando lembra da vitória de Mailson Furtado no Prêmio Jabuti do ano passado, feito que considera revolucionário.

“A literatura é bastante bairrista sul-sudeste. Nossos poetas publicam através de gráficas locais, imprimimos e lançamos nossos livros sem apoio algum de governo ou de editoras. A conquista de Mailson foi uma vitória para todos nós que militamos no submundo das não-editoras. Aquilo simbolizou uma luz no fim do túnel”, considera.

Entre os nomes nessa seara que menciona estão Alves Aquino, Dércio Braúna, Ayla Andrade, Alessandra Bessa, Bruno Paulino e Renato Pessoa.

“Mas ainda sinto falta de um novo ensaísta cearense por aqui. Grupos como o Ceará em Letras, do qual participo, podem ajudar a fechar essa lacuna, contudo”.

No lançamento, “Girassóis Maduros” será vendido a um preço especial; depois, poderá ser adquirido no site da Editora Moinhos ou nos sites das grandes livrarias pelo valor de R$ 35, também disponível em e-book.

Quanto aos próximos projetos, o autor adianta que, no momento, está cursando Mestrado, então vai dar uma pausa nas publicações e concentrar maior enfoque aos estudos.

“Mas já tenho no prelo um outro volume de haicais, uma peça de teatro e um volume reunindo todos os ensaios que escrevi sobre literatura cearense até hoje”, finaliza.

Serviço
Lançamento do livro “Girassóis Maduros”, de Léo Prudêncio. Nesta terça-feira (8), às 18h, na Livraria Lamarca (Avenida da Universidade, 2475, Benfica). Contato: (85) 3122-6130
 

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