Conheça lugares e manifestações que reforçam a cultura negra no Ceará

Espaços e movimentos culturais lembram o Dia da Consciência Negra com programação específica

Escrito por Redação ,

O Dia da Consciência Negra é comemorado nesta terça-feira (20), mas há anos alguns espaços e manifestações culturais do povo negro envolvem a história e o desenvolvimento de Fortaleza. Por conta da data, montamos uma lista de locais e movimentos importantes que se mantém até os dias de hoje como equipamentos responsáveis por ressaltar essa cultura na história de todo o Ceará. Confira:

Museu Senzala Negro Liberto

Legenda: O Museu Senzala Negro Liberto está localizado no Engenho Livramento, no município de Redenção
Foto: Foto: Alex Pimentel

Situado entre os municípios de Redenção e Acarape, o Museu Senzala Negro Liberto está localizado às margens da rodovia CE-060 e dentro do Sítio Livramento. A cidade de Redenção é conhecida por ter sido a primeira no Brasil a libertar todos os escravos, em janeiro de 1883, antes mesmo que a Princesa Isabel assinasse a Lei Áurea em 1888.

O local onde hoje é abrigado o museu só foi montado, de fato, em 2003. No entanto, toda a arquitetura é original da época da escravatura. Por lá é possível visitar também o engenho, no qual se produz a cachaça Douradinha. 

Endereço: Engenho Livramento (Av. da Abolição, Centro, Redenção - CE 060)
Telefone: (85) 99987.6604

Igreja do Rosário

Legenda: A Igreja do Rosário foi construída por negros, em sua maioria escravos, em um largo areal que acabou virando o Largo do Palácio
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Construída no século 18, a Igreja do Rosário se encontra no centro de Fortaleza e é reconhecida na Capital como um dos espaços mais conectados à cultura negra no Ceará. A Irmandade do Rosário, composta por homens negros, livres e escravos, foi a responsável pela construção do prédio.

"É um local que expressa a importância da cultura negra por aqui. Muitos afirmam que os negros não tiveram papel relevante no Ceará e isso mostra que esse pensamento é errôneo", afirma o professor e historiador Airton de Farias. 

Até hoje a igreja é considerada como o templo religioso mais antigo da Capital e foi definida como a Catedral por 40 anos seguidos. Era na Igreja do Rosário onde os escravos rezavam terços e praticavam os atos de devoção à religião. 

Assim como em grande parte do país, aqui no Ceará a maioria dos negros buscava um lugar onde pudessem realizar orações, já que eram discriminados pelos brancos nos templos. Nossa Senhora do Rosário, considerada padroeira dos mesmos, era a santidade que recebia toda a devoção.

Endereço: Rua do Rosário, 229, Centro - Fortaleza
Telefone: (85) 3226.4327

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Legenda: O lazer, produção e difusão da arte e da cultura são alguns dos pontos ressaltados pelo Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Foto: Foto: JL Rosa

Segundo o professor Airton de Farias, o Centro Dragão do Mar também é um símbolo da Capital que reforça a importância do povo negro em solo cearense. Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, é quem dá o nome ao lugar. Foi a jangada de Dragão do Mar, levada à capital do Império a bordo de um navio mercante, que virou símbolo da resistência popular abolicionista em Fortaleza.

"Todo monumento é construído com um propósito, tem um sentido para ser erguido. É um local de memória, com a intenção de ressaltar a figura do jangadeiro, como as fugas e as revoltas foram se sucedendo por aqui", afirma Airton sobre o papel do equipamento em manter viva a questão do Ceará como pioneiro na abolição da escravatura.

O Dragão do Mar possui hoje 30 mil metros quadrados de área dedicada à arte e à cultura. No espaço,  estão inclusos o Museu da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea, uma sala teatro, duas salas de cinema, o Planetário Rubens de Azevedo, o anfiteatro Sérgio Mota, um auditório, a Praça Verde e salas de aula.

Endereço:  R. Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema
Telefone: (85) 3488.8600

Maracatu Az de Ouro

Legenda: Criado no dia 26 de setembro de 1936, o Maracatu Az de Ouro até hoje se mantém como um dos mais importantes na história de Fortaleza
Foto: Foto: Bruno Gomes

Difícil falar da cultura negra presente no estado e não citar a relevância dos grupos de Maracatu presentes por aqui. O Az de Ouro, por exemplo, é um dos mais tradicionais e que continuam reforçando a manifestação cultural  em Fortaleza. Fundado no dia 26 de setembro de 1936, ele é o mais antigo maracatu a manter a tradição afro-brasileira em terras alencarinas.

Com mais de oito décadas de história, ele foi um dos vencedores do Carnaval de Rua da Capital neste ano. O primeiro desfile do grupo ocorreu ainda em 1937, com a presença de 42 participantes, e foi o único a participar do carnaval de rua durante o período entre 1937 a 1950.

Endereço:  Rua Edite Braga, s/n, Bom Futuro