Bloco Ilê Aiyê ganha mostra em SP

A Ocupação Ilê Aiyê exibe a trajetória do bloco baiano até 2019, no Itaú Cultural 

Escrito por Redação ,

Desde o último dia 3, “o mais belo dos belos” dos blocos de Carnaval chegou à Avenida Paulista. A Ocupação Ilê Aiyê, sediada no Instituto Itaú Cultural, foca a trajetória do bloco afro Ilê Aiyê (BA) e segue em cartaz até o dia 6 de janeiro de 2009, com acesso gratuito. 

A mostra aborda a importância do bloco, inserido no contexto do movimento negro no Brasil, desde seu nascimento, há quase 44 anos, até os dias de hoje. Além da mostra, a Ocupação Ilê Aiyê contempla um site, publicação impressa e uma intensa programação, em sinergia com o tema. 

Entre os ítens que fazem parte da ocupação, estão reunidos fotos, croquis, fantasias e documentos repletos de referências sobre o Ilê Aiyê, bloco que nasceu no Bairro de Curuzu, periferia de Salvador (BA). 

Dentre os destaques da mostra, a ocupação reúne 44 tecidos originais, usados nos desfiles de Carnaval do Ilê Aiyê, compondo uma linha do tempo

Durante todo o período da exposição, o Instituto Itaú Cultural oferecerá oficinas e outras atividades de cunho cultural. Para facilitar o acesso a todos os públicos, a organização informa que "ferramentas de acessibilidade permeiam todo o espaço expositivo".

Lançamento

Nos últimos dias 6 e 7, para marcar o lançamento da ocupação, 17 componentes do Ilê Aiyê se apresentaram, com a participação dos blocos Ilu Inã e Ilu Oxá de Min; além das cantoras Xênia França e Luedji Luna. 

Origem

Ilê Aiyê foi o nome escolhido por Hilda Dias dos Santos, conhecida como Mãe Hilda, para o bloco que nasceu em seu terreiro, o Ilê Axé Jitolu, em 1974. Seu filho, apelidado de “Vovô” e inspirado pelos movimentos afro-americanos, queria que se chamasse “Poder Negro”. 

No entanto, persistiu a vontade da matriarca, que optou por homenagear a África (em iorubá), idioma nigero-congolês usado nos ritos religiosos de cunho afro-brasileiro, no qual ilê significa “casa” e aiyê , “terra” – o mundo terreno, em contraposição a Orum (algo como o plano espiritual). 

Primeiro bloco afro brasileiro, o Ilê inaugurou uma nova proposta para o carnaval baiano, provocando a repressão policial e preocupação por parte de uma parcela da sociedade baiana . O Jornal “A Tarde”, inclusive, chegou a publicar uma nota, acusando o bloco de racismo por só aceitar negros. 

A formação exclusiva, reunindo só pessoas negras, foi o meio encontrado pela população do Curuzu para desfilar nas festas carnavalescas. Segundo "Vovô", os negros só podiam participar dos blocos de Carnaval (da elite) como alegoria.

Ainda hoje, a passagem do Ilê inspira canções, poesias e leva, anualmente, milhares de baianos e turistas para o Curuzu.

Resistência 

Para compor a exposição, foi realizada uma extensa pesquisa sobre a história e as origens do Ilê Aiyê. “Foi maravilhoso trabalhar com a equipe do Itaú Cultural no Curuzu! Viajamos quatro vezes para conhecer de perto o que o bloco representa. Nosso desafio era trazer todo esse universo à cidade de São Paulo e manter a sensibilidade, o amor e o respeito compartilhados pelos membros do Ilê”, conta Simoni Barbiellini, uma das curadoras da exposição.

“Pretendemos mostrar o Ilê Aiyê para além do carnaval, com toda sua importância. O bloco combate o racismo com cultura, música e aprendizado”, acrescenta Simoni. 

Mais informações
Ocupação Ilê Aiyê, em cartaz até 6 de janeiro de 2019, no Itaú Cultural (Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô). A visitação acontece às terças e sextas, das 9h às 20h; e aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h. Acesso gratuito. 
 

Assuntos Relacionados