A I Bienal de Arte Digital tem trabalhos divididos em quatro andares, da Oi Futuro Flamengo (RJ). No primeiro, as obras discutem questões relacionadas à biotecnologia. No segundo, há incursões por vídeos, projeções e dispositivos eletrônicos. E no terceiro e quarto, há uma visão mais brasileira sobre hibridismo, entendendo essa qualidade a partir das pessoas. Confira alguns destaques:
Manifesto contra a gravidade (2016)
A instalação performática “Manifesto contra a gravidade: Sobre o nascimento de robôs”, do brasileiro Jack Holmer, interage com o observador para criar situações sensíveis (afetivas) subjugando a força da gravidade e emparelhando características da virtualidade digital com as propriedades materiais do off-line. O objeto criado em ambiente virtual faz sua passagem para o mundo fenomenológico (do concreto) onde as leis da física modificam suas propriedades originárias, concebidas no virtual. A interatividade ativa uma aleatoriedade do movimento, entregando uma possibilidade única, ou um gesto raro em troca da aproximação, do direcionamento da atenção sensível ao objeto que também sente em seus sensores, embora ainda de forma precária, comparado aos sentidos humanos. Mas menosprezar os sentidos e interpretações precárias da máquina pode ser desprezar as primeiras etapas da evolução da vida na Terra. Os primeiros seres vivos pendem mais para uma ação/reação behaviorista do que a uma cognição completa.

Inspirado pela mensagem de preservação das geleiras, o chileno Daniel Cruz, da Universidad de Chile, mostra nesta obra um texto poético exibido em 49 garrafas de água distribuídas na obra, utilizando iluminações em uma sequência e convidando o observador a decifrar a importante mensagem de sua arte.


Desenvolvida em colaboração com cientistas da Faculdade de Bioengenharia da Universidade de Gante (Bélgica), “Caravel”, de Ivan Henriques, usa tecnologia de célula de combustível microbiana (MFC) para colher eletricidade de bactérias anaeróbicas e componentes orgânicos na água. A forma hexagonal tem a função de combinar e unir outros sistemas para criar uma superfície maior e operar deforma mais abundante.

Jequi é uma denominação indígena de armadilha para peixe, é um ambiente imersivo dedicado à exposição de artefatos etnológicos modelados em 3D. O objetivo da exposição da brasileira Aline Xavier é apropriação, disseminação e preservação do patrimônio cultural através do uso criativo de tecnologias. Uma coleção de armas e armadilhas de caça e pesca de diferentes etnias indígenas, selecionadas de acervos museográficos brasileiros, é submetida à digitalização e representada na instalação em mídias distintas – vídeo, áudio e escultura.