Hora de cuidar dos dentes: confira dicas para primeira consulta da criança ao dentista

Tem gente grande que ainda sofre com medo de dentista, enquanto algumas crianças se divertem a cada consulta com o especialista

Escrito por Redação , verso@verdesmares.com.br

Valentina Porto começou a ser acompanhada por uma dentista quando ainda estava na barriga de sua mãe, a fisioterapeuta Paula Dias. "Logo depois que nasceram os dentinhos, a levei para consulta. Tinha 11 meses de vida", lembra Paula sobre as primeiras experiências da filha, atualmente com dez anos.

A mãe agiu de maneira adequada, ressalta a especialista em Odontopediatria e professora da Academia Cearense de Odontologia Diana Feitosa. "De modo geral, a consulta inicial deve ser realizada ainda no primeiro ano de vida. No entanto, a prevenção já começa no período intrauterino, com atendimento à gestante e orientações de como a alimentação saudável dela pode influenciar numa boa mineralização e calcificação dos dentes do bebê", detalha.

Seguir o protocolo estabelecido para os primeiros mil dias da criança, ressalta Dra. Diana Feitosa, é fundamental, conforme evidências científicas. Há de se considerar, porém, casos específicos capazes de adiantar a ida ao dentista, a exemplo de quando o bebê apresenta freio lingual ativo, popularmente conhecido como "língua presa". Nesse caso, a consulta deve ser feita antes de completar um mês de vida para ajustar o problema e auxiliar na amamentação natural.

Driblar o medo

Seja na primeira consulta ou em situações de emergência, é necessária a preparação dos pais para esse contato inicial entre a criança e o profissional de saúde. "Os pais devem se esforçar para estimular o aprendizado de bons hábitos nos filhos, independentemente da própria experiência, ou seja, se tem medo não deve transmitir isso", esclarece a neuropsicóloga e psicoterapeuta Kelly Diniz.

"Se as crianças estiverem convictas da importância dos cuidados com a saúde bucal, já temos meio caminho andado. A outra parte é deixar que elas possam experimentar esse cuidado", complementa.

Assim fez Larissa Braga com a filha Melissa, de 1 ano e 7 meses. "Não tinha medo de ir ao dentista, mas de arrancar dentes! Minha dentista sempre foi ótima, colocava filminhos e dava a luva cheia de ar imitando balões. Hoje, não preciso arrancar mais os dentes e vou sempre feliz para consulta, então consigo não passar medo pra Mel", diz a arquiteta, de 32 anos.

Larissa também fez a preparação durante a gravidez com a mesma profissional que a acompanhou na infância, e continua lhe atendendo até hoje. Mas uma situação de emergência adiantou a primeira consulta da pequena Melissa. "Ela quebrou a ponta do dentinho brincando. Fiquei bem assustada de ter, inclusive, que fazer um raio-x. Mas a odontopediatra e a atendente tiveram paciência e explicaram o procedimento. Isso ajudou muito", conta.

Legenda: Com 10 anos, Valentina continua frequentando o consultório da dentista Diana Feitosa
Foto: Foto: Helene Santos

Para uma situação como essa, a psicoterapeuta orienta aos pais a compreenderem que receio ou medo dos seus filhos é legítimo, e aconselha aos responsáveis a não utilizar termos como "fraco (a)" ou "frouxo (a)". Segundo a profissional, é preciso acolher o sentimento da criança, confortando-a física e verbalmente, e ainda, encorajando-a a vencer este desafio.

Evite traumas

Outro alerta de Kelly Diniz é o cuidado em não criar uma imagem negativa do dentista para o filho na tentativa de convencê-lo a escovar os dentes. Frases como "Se você não escovar bem os dentes, eu vou te levar no dentista" ou "o dente vai ficar estragado e o dentista terá que arrancá-lo" podem gerar traumas nos pequenos, esclarece a psicoterapeuta. "Essa é uma fala que aponta para o pensamento remediativo. O que precisa ser feito é a formação do hábito preventivo nas crianças".

Larissa passou para a filha que a ida ao dentista é algo natural e que faz parte da rotina. "Como escovo os dentes da minha filha desde o aparecimento dos primeiros dentinhos, expliquei que ela ia conhecer a tia que cuidará da boquinha dela. Brinco com ela de dentista, acho que isso também ajuda a entender o que vai acontecer com ela ao chegar na consulta", compartilha a arquiteta.

Ludicidade

Não por acaso, Valentina com seu sorriso lindo, já levou o título de miss infantil em 2017, e guarda com alegria as suas experiências em consultas. "A dentista é muito legal e lá tem bastante brinquedo, e eu vou pra fazer o dente e pra brincar. Ela me ensina escovar os dentes, a passar fio dental e várias outras coisas", contou a menina que também é ginasta.

Legenda: O cultivo de bons hábitos de saúde bucal já na infância é essencial para a manutenção do bem-estar a longo prazo
Foto: Foto: Helene Santos

A odontopediatra Diana Feitosa explica que o uso de técnicas é essencial para atrair e gerar confiança nos pequenos pacientes: "Pais ou responsáveis são orientados quanto às formas de abordagem para facilitar o atendimento. Músicas, vídeos e ilustrações lúdicas são igualmente usados como artifício de técnica. Além de um ambiente propício com brinquedos e cores aconchegantes".

Dicas sobre cuidado bucais

De acordo com a odontopediatra Diana Feitosa, a necessidade da limpeza bucal se inicia a partir do aparecimento dos dentes na boca da criança. Para isso, devem ser seguidas algumas instruções:

1- Controle as mamadeiras noturnas ou mamadas noturnas, principalmente nesse momento;

2- Utilize pasta com flúor de 1.100 ppm na escovação desde o aparecimento dos primeiros dentes. A quantidade da pasta deve ser pequena no início, o ideal é usar um tanto similar a um grão (menor que uma ervilha);

3- Evite o consumo de açúcar, principalmente nos primeiros 2 anos;

4- Estimule a mastigação desde cedo para o desenvolvimento dos arcos e boa tonicidade muscular, estimulando, assim, uma boa mordida

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