Fabiano Piúba responde cinco questionamentos de artistas

A convite do Verso, artistas de diferentes linguagens fazem perguntas para o atual secretário estadual da Cultura, Fabiano Piúba, após ele ser reempossado para o cargo. Confira as respostas.

Escrito por Rômulo Costa , verso@sistemaverdesmares.com.br

O Verso convidou cinco artistas de linguagens diferentes para lançarem perguntas ao secretario estadual da Cultura, Fabiano Piúba. Nesse diálogo, ele aponta cenários para financiamentos, apresenta projetos da pasta e comenta possíveis impactos na área após mudanças na política nacional. Confira:

Jane Ruth, coreógrafa:
Qual a política para os festivais de dança que estão no calendário do Estado? No primeiro mandato do governador Camilo Santana (PT) falou-se no repasse de verbas por meio do Fundo Estadual de Cultura.

O instrumento que existe em nível federal para financiar os grandes eventos artístico-culturais do Brasil é a Lei Rouanet. Os grandes festivais, feiras e bienais de livro, geralmente, buscam recursos de captação via lei federal e via leis estaduais. Esses são os mecanismos que existem e não podem abrir mão deles. Tem que apresentar na Lei Rouanet todo ano, no Mecenato Estadual e não devemos desistir disso e buscar captação junto a empresas. No entanto, dentre as possibilidades destes quatro anos, a gente vai pensar em um edital específico para os festivais de arte. Não para infraestrutura, mas só para programação. Se a gente conseguir planejar isso, vai ser para 2020 em diante.

Talles Azigon, poeta e produtor cultural:
Como o secretário pretende fazer com que os agentes de leitura ganhem mais abrangência no Estado?

Os agentes são financiados pelo Fecop (Fundo Estadual de Combate à Pobreza). As suas finalidades estão voltadas para o combate à pobreza. Partir do acesso ao livro como elemento de inclusão social e de desenvolvimento humano. Ele tem demonstrado impacto na vida dos jovens que são agentes de leitura, que é uma experiência de formação de vida. Esse projeto vai estar inserido em um programa que o governador chama de Superação. É uma lei própria. O governador lançou uma lei instituindo um programa, legalizando as bolsas dos agentes. Estão, portanto, garantidos por lei e está se ampliando. O desafio é qualificar a formação dos jovens e dar escala. Se a gente fica com um número pequeno de jovens em uma comunidade, isso fica pulverizado. A gente vai estar ampliando o programa, ampliar para municípios, ampliar o número de agentes de leitura, mas, sobretudo, ter focalidade em comunidades mais vulneráveis para ter a promoção do acesso ao livro. Ele vai ganhar escala, mas vem passando por um processo de revisão dos seus resultados.

Ricardo Tabosa, ator do Grupo Bagaceira:
Uma das metas do Plano Estadual de Cultura é a descentralização dos equipamentos culturais. Como o secretário vê os pequenos espaços sediados por grupos artísticos para fruição de artes cênicas? De que maneira pode haver mais apoio à manutenção deles?

A gente quer abrir uma linha de acesso, apoio e fomento específico para espaços como esses. Nós identificamos (no Estado) 15 espaços próprios de teatro. A gente quer primeiro integrá-los ao sistema estadual de teatro para fazer uma ação conjunta de circulação, de formação e intercâmbio. Uma das propostas é realizar um edital específico para manutenção e gestão desses espaços cênicos.

 

>Fabiano Piúba planeja integrar Cultura a áreas como turismo e desenvolvimento social

>Crítico da extinção do Ministério da Cultura, Piúba diz que é "oposição frontal" ao Governo Federal

 

Marília Oliveira, fotógrafa do Grupo Descoletivo:
Tendo em vista as mudanças na Cultura no âmbito federal, que podem repercutir em perdas, a Secretaria tem um plano para a manutenção do edital das artes previsto para 2019?

Sim, está prevista no orçamento de 2019. (A reportagem pergunta sobre os demais editais). A gente não pode confundir o edital como política. Ele é um instrumento. A gente não tem que pensar em um edital por ano. Nos pontos de cultura, por exemplo, fizemos um edital de 100 e antes de fortalecer a rede, lançou-se edital para outros 100 pontos de cultura. Às vezes, dependendo de uma política temática, você tem que lançar um edital mas não tem que ficar afobado para lançar outros, para ver o impacto e o resultado disso. O (Edital de) Incentivo às Artes tem uma lógica mais calendarizada. Mas, sim, os editais vão ser mantidos independente do cenário nacional.

Natasha Silva, produtora independente de cinema:
A recente extinção do Ministério da Cultura reverbera diretamente na execução de projetos em execução e futuros. Qual deve ser o impacto dessa mudança na política estadual para a Cultura? Existe alguma salvaguarda para possíveis perdas?

O novo Governo Federal começou. Temos a Ancine, o Fundo Setorial do Audiovisual que é o fundo mais robusto da Cultura no País. É um fundo que é retroalimentado. Na carta que a gente (Fórum dos Secretários da Cultura) encaminhou para os tantos ministros que passaram pelo Governo Temer, a gente defendia a mesma coisa: o Sistema Nacional da Cultura, o Plano Nacional da Cultura e os convênios federais. Vai ser um tema muito importante na primeira reunião do Fórum, que pode acontecer entre fevereiro ou março.