Escritor cearense Ricardo Kelmer lança livro de crônicas

Escrito por Diego Barbosa , diego.barbosa@diariodonordeste.com.br
Foto: SAULO ROBERTO

Viver é saboroso, ardente e embriagador. Como se não bastasse, cabe num punhado de páginas costuradas em formato de brochura. Pelo menos, é essa a percepção ao longo de "Pensão das crônicas dadivosas", obra que se vale das experiências corriqueiras para refletir sobre diferentes temas - da arte ao sexo, do futebol à religião, passando pela política e o feminino. O livro é a mais recente empreitada de Ricardo Kelmer, escritor, roteirista e letrista musical cearense. Veterano na seara, é autor de 15 obras - contemplando antologias, ensaios, artigos e gêneros como romance, poesia, conto e crônica. São a brevidade e a leveza intrínsecas a esse último que dão o tom do novo trabalho.

No total, 60 textos compõem a coletânea, publicada pela editora paulista Escrituras. As criações foram gestadas entre os anos de 2007 e 2017 e, para integrar o material, passaram por criteriosa seleção de Kelmer. "Escolhi as que considerei mais representativas do meu pensamento, e também as que obtiveram bom retorno em meu blog e nas redes sociais. Ficou de fora uma quantidade semelhante", contabiliza, afirmando que sua última coletânea de crônicas, "Blues da vida crônica", saiu há 11 anos. Era tempo, então, de destinar à audiência mais uma leva do olhar ora cômico, ora crítico que imprime sobre o mundo ao seu redor.

Na Capital, a agenda de lançamentos acontece desde o dia 13 deste mês e já passou por espaços como Mercado dos Pinhões, Café Vintage e Cantinho do Frango. Nesta quinta (25), o momento se repete no Bolacha Mágica Music Bar, com discotecagem de vinil de Alan Morais.

Em novembro, haverá novos lançamentos. Após esse período, o livro poderá ser adquirido na Livraria Lamarca e pela internet através do blog e das redes sociais do escritor.

Multiplicidade

A travessia de "Pensão" é abrangente. Crônicas como "As crianças transexuais", "Os apuros do homem feminista", "O dia em que entendi Belchior" e "O amor que ama o outro" revelam o espírito multifacetado de Kelmer e um estilo próximo ao de autores como Bukowski (1920-1994), com vocabulário sem amarras e gosto pela representação feminina.

O cearense conta que as situações foram vivenciadas por ele ou baseadas em casos curiosos. "Loiras ou morenas", por exemplo, texto que abre a compilação, enquadra-se na primeira categoria. "A morena do texto leu e adorou. Quanto à loira, não se manifestou, talvez não tenha gostado", confessa.

Outras, como "Bar do Araújo é a salvação", são textos falsamente jornalísticos, como ele define. "Este foi bastante compartilhado nas redes e um jornalista de uma rádio de São Paulo chegou a me ligar. Quando soube que era tudo inventado, riu muito e me entrevistou", recorda.

Essa multiplicidade tem um porquê: Ricardo afirma que, por mais insignificante, qualquer coisa pode ser matéria-prima para um texto, seja um filme, pessoa, fato, outro texto ou até uma mera palavra. "O labor pode variar de algumas horas a muitos anos. É comum eu estar 'grávido' de vários textos, cada um a exigir atenção diferente", revela.

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