Confira roteiro turístico de Carnaval em Pernambuco

Os festejos de Carnaval revelam um circuito de turismo particular por municípios do Sertão, Agreste, Zona da Mata e Litoral pernambucano. Os dias de folia evidenciam a identidade cultural do Estado

Escrito por Lorena Cardoso , lorena.cardoso@tvdiario.tv.br
Legenda: Na Zona da Mata pernambucana é o Maracatu Rural que dá o tom da folia de Carnaval
Foto: Foto: Guga Matos / SETURPE

Caboclos de lança, papangus, calungas, bonecos gigantes, caretas, cordões centenários e uma infinidade de tradições e lendas compõem uma recepção muito particular a quem chega a Pernambuco no período carnavalesco. Pelas ruas do Interior e da Capital as manifestações culturais do Estado envolvem o visitante com a toada do maracatu, nos passos do frevo e na irreverência dos mascarados assustadores em uma celebração das múltiplas facetas da identidade local. A festa da irreverência e dos avessos revela ainda a riqueza que está à margem dos grandes centros urbanos.

Para além do desfile do Galo da Madrugada, dos cortejos nas ladeiras de Olinda e das festas no Recife Antigo, tantas vezes exibidos em tempo real por emissoras de televisão, nos rincões do Estado é produzida uma grande festa popular e multicultural. Gente simples, na maioria trabalhadores do campo, sai às ruas para mostrar a veia artística que pulsa silenciosa nos outros onze meses do ano. A folia do Interior exalta a simplicidade, a dedicação e a força da arte como mecanismo de identidade de cada brincante que está por trás de uma robusta vestimenta de caboclo de lança, ostentando os trajes de corte real do maracatu, tocando instrumentos musicais de matrizes africanas ou ainda comandando a agremiação rural com a voz e a produção de poesia de repente.

Tradição renovada

Nazaré da Mata, município localizado a aproximadamente 70km de Recife, vira a Capital do Maracatu Rural, também conhecido como de baque solto. Comunidades vizinhas se deslocam para apreciar e se apresentar nos quatro dias de festa, quando mais de 100 grupos de maracatus e bois disputam as atenções dos jurados no palanque da praça e das pessoas nas ruas que vibram no compasso dos chocalhos e nos passos dos guerreiros que empunham as lanças decoradas com fitas brilhantes.

Legenda: O desfile dos bonecos gigantes é uma das atrações da terça-feira de Carnaval no Sítio Histórico de Olinda
Foto: Foto: Guga Matos / SETURPE

A brincadeira de Carnaval é levada muito a sério por quem vive o Maracatu durante todo o ano, desde a produção artesanal da gola, a veste colorida e bordada que destaca os brincantes até a disputa acirrada entre as vozes que comandam o cortejo. Na comunidade, a tradição se renova com o estímulo a novos talentos da música e da poesia popular em uma troca que abre espaço para jovens de vinte e poucos anos de idade com veteranos que contam mais de quarenta carnavais de experiência.

O dia de maior movimentação é a segunda-feira carnavalesca, data estabelecida pelo calendário cultural do Governo do Estado para enfatizar o Maracatu Rural dentre as expressões locais. O dia é também o mais recomendado para o turista que deseja conhecer um outro tipo de folia.

Gigantismo

Em 2019, Pernambuco canta os parabéns para o centenário Zé Pereira, considerado o primeiro boneco gigante do Brasil. Criado para a animar a festa na pequena cidade de Belém do São Francisco, a origem do calunga passa pelas lendas típicas do povo ribeirinho. Segundo a tradição oral, Zé Pereira desembarcou em Pernambuco pelo rio São Francisco direto de uma longa e improvável viagem da Europa, onde os bonecos gigantes compunham celebrações religiosas. No Brasil, o gigante se encantou com o festejo pagão e dez carnavais depois de fincar moradia, em 1929, ganhou uma noiva, a boneca Vitalina, uma companheira à sua altura.

A festa de aniversário do carnavalesco inicia os festejos de momo na quarta-feira (27) no tradicional palco do Marco Zero, no Recife Antigo. O boneco saiu de sua cidade natal em uma embarcação e chega pelas águas ao som de muito frevo para homenagear a tradição brincante, que ganha expressão máxima nas ladeiras do Sítio Histórico de Olinda.

Os cortejos de bonecos gigantes invadem as ruas de todos os dias de festa, mas a reunião oficial de mais de uma centena acontece na manhã de terça-feira. Antes, o Carnaval de rua recebe a bênção do gigante Homem da Meia Noite, que sai na madrugada de domingo e leva milhares de pessoas às ruas há mais de oito décadas em um cortejo que mistura festa, fé e tradição.

*a repórter viajou a convite da secretaria de turismo de pernambuco.

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