Testemunha, mãe de cearense morta dá detalhes

A agricultora Maria Larilda, sobrevivente da ação, ficou no carro enquanto a filha Edneide morria sangrando em seus braços. Segundo o filho sobrevivente, morta pela PM

Escrito por segurança@verdesmares.com.br ,
Legenda: Corpo da cearense Francisca Edneide é velado na casa dos pais, no Município de Brejo Santo
Foto: FOTO: Isaac Macêdo

Com a chegada do esposo e filhos, vindos de São Paulo, será sepultada, na manhã deste domingo (9) Francisca Edneide da Cruz Santos, 49 anos, uma das vítimas fatais da ação policial para frustrar o assalto a bancos. Maria Larilda, mãe de Edneide e sobrevivente da operação, contou ao Sistema Verdes Mares detalhes dos momentos em que foi feita refém na estrada e informando que o tiro teria partido da Polícia.

O filho da agricultora, irmão da vítima também feito refém na ação, afirmou a um dos policiais: "Vocês mataram minha irmã!". Nesse momento, segundo a testemunha, o agente de segurança levou as mãos à cabeça, adotando expressão de desespero. Edneide morava em São Paulo e aproveitou uma licença do trabalho para vir ao Ceará e passar dois meses com os pais.

O tempo entre o desembarque e a morte, porém, foi curto demais. "Fomos buscar ela no aeroporto, e no caminho de volta, perto de Brejo Santo, a gente (ela estava acompanhada do marido, do filho e da filha recém-chegada) viu um caminhão atravessado na estrada, com um carro de cada lado da pista, e um movimento daqueles moços mascarados. Aí pensei 'Senhor, tá tendo um assalto, tem misericórdia!", relembra Maria Larilda. Segundo ela, os suspeitos pararam seu carro, renderam e separaram os quatro membros da família em dois veículos diferentes.

Leia Mais:
> Especialistas debatem sobre rumos após tragédia em Milagres
> Corpos de cinco reféns foram sepultados em Pernambuco

A agricultora seguiu com a filha e dois bandidos em uma Hilux, enquanto o marido e o filho ficaram no automóvel pertencente ao grupo de assaltantes. Os carros foram em direção ao Banco do Brasil de Milagres. De acordo com a mãe, o suspeitos tentavam tranquilizar a família, dizendo que "não queriam celular, dinheiro nem carro, nem maltratar", apenas os levariam "numa missão".

"Quando estava perto do banco, vi meu menino e meu esposo já passando mal. Os bandidos voltaram com a gente, já perto da pista, e começou o tiroteio. Senti arder, tinha farelo de pólvora, mas não vi que tinha pegado tiro na minha filha. Aí o bandido que tava do lado dela disse: "(A Polícia) Quebrou minhas pernas e matou a mulher!'. Olhei pra ela e vi o sangue descendo, o cabelo no rosto. Ainda botei a mão no buraco saindo sangue, tirei e despejou como uma garrafa d'água derramando", relata a mulher.

Ainda segundo a mãe de Edneide, os suspeitos correram para um matagal, e o bandido que fez a filha de escudo, e teve as pernas quebradas, pediu ajuda aos demais, que não voltaram para buscá-lo. "Fiquei com a minha filha dentro do carro já morrendo, com o sangue fervendo na goela, e eu pedindo socorro, gritando, mas não apareceu ninguém.

"É muito difícil. Isso que você tá vendo em mim é a força de Deus, porque você ver uma filha sua morrer em seus braços lavada de sangue e passar até três horas na beira de uma pista pedindo socorro e não aparecer ninguém?", finaliza a agricultora.

O sepultamento de Francisca Edneide será realizado em Brejo Santo. A mulher deixou esposo, dois filhos e uma neta.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados