Suspeitos expõem motivos de participarem dos ataques

Um dos capturados por quebrar lâmpadas nas vias de Fortaleza contou em depoimento na delegacia que o crime foi cometido em troca de R$ 10 em drogas

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@diariodonordeste.com.br

Legenda: As ações criminosas já duram 12 dias com 201 ataques a ônibus, bancos, prédios públicos e propriedades privadas

Chegou a 353 o número de suspeitos capturados por envolvimento nas últimas ações criminosas ocorridas no Ceará. Tendo cada um deles história de vida diferente, são muitas as versões contadas sobre os porquês de participarem dos ataques. Em alguns casos, o caminho até ser preso em flagrante foi longo e já não se mostrou novidade. Para outros, ainda sem passagens pela Polícia, ser apontado como responsável pelas ofensivas é um erro.

Em parte dos autos a que a reportagem teve acesso foi percebida uma explicação em comum: a participação aconteceu em troca de droga. Nas áreas da Capital e Região Metropolitana dominadas pela facção Comando Vermelho (CV), alguns suspeitos apontaram que incendiaram veículos ou prejudicaram a iluminação pública em troca de não morrer ou receber pouca quantidade de entorpecente, para uso próprio.

Identificado pela Polícia Civil como encarregado de danificar equipamentos públicos no bairro Paupina, José Ednardo Alves de Souza, de 47 anos, sem antecedentes criminais, é um dos que teria participado dos ataques em prol de drogas. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Ednardo foi flagrado por policiais do 6º Distrito Policial. No termo de interrogatório do preso, ele contou que trabalhava em serviços gerais e nunca havia se envolvido em crimes. José Ednardo teria dito aos policiais que nos fins de semana fazia uso de cocaína e, um dia, quando estava cortando árvore, um rapaz identificado como 'Lorin' pediu para que quebrasse a lâmpada de um poste. Ednardo confessou que atendeu ao pedido de 'Lorin', segundo ele, traficante do CV, após ter recebido uma 'bala de cocaína', no valor de R$ 10.

Reincidência

Quando preso em Caucaia, no último dia 7 deste mês, Juan Victor da Rocha Sampaio exibiu uma explicação diferente para ter cooperado com o crime. Sampaio, que já esteve encarcerado por tráfico de drogas, assumiu ser simpatizante da facção Comando Vermelho e disse que a combinação de passar pelas ruas do Município ordenando que comerciantes fechassem as portas partiu de uma conversa em um grupo do WhatApp, com outros membros da mesma organização.

Outro detido também no dia 7 foi Diógenes Pereira Barros, de 34 anos, com antecedentes por roubos, tráfico de drogas e por participação em fuga de preso. Pereira foi preso em Fortaleza, sob suspeita de lançar um artefato explosivo no 20º Batalhão da Polícia Militar.

De acordo com interrogatório assinado por Diógenes, ele estava dentro da sua residência quando policiais pediram para entrar. No local, teriam sido encontradas armas e drogas. O suspeito negou que os objetos fossem dele, mas assumiu já ter sido preso antes.

Nos autos consta ainda que, na região onde ele mora, prevalece a Guardiões do Estado (GDE), mas ele não pertenceria à organização. "Eu não visto a camisa não, mas por eu morar na área né, os cara perdoa não" (sic), disse Pereira, reafirmando que não participou ou planejou o ataque contra o quartel. O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), delegado Harley Filho, confirmou que dentre todos os presos há membros das facções CV, GDE e Primeiro Comando da Capital (PCC).

Retorno

Desde o início das capturas, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não especificou cada prisão. Apenas alguns nomes de presos foram revelados. Quando contatada pela reportagem sobre o perfil de quem vinha sendo preso sob suspeita de cometer os ataques, a Pasta explicou que neste momento, devido às muitas demandas, não teria como detalhar.

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