Suspeito de matar jovem não era vigilante, diz Sindicato

Escrito por Redação ,
Legenda: O universitário Lucas Gomes, 22, foi atingido por um tiro na cabeça, após furtar o cone de um estabelecimento, e morreu no hospital, horas depois

O ex-policial militar Tiago Rodrigo Ferreira Nunes, 33 anos, suspeito de ter matado o universitário Lucas Gomes, 22, na última sexta-feira (10), não era vigilante - como tem sido noticiado e foi divulgado pela Polícia - segundo o Sindicato dos Vigilantes do Ceará (Sindvigilantes-CE).

Tiago Rodrigo serviu por sete anos à Polícia Militar do Ceará (PMCE). Após ser expulso da Corporação, por acusação de receptação e porte ilegal de arma de fogo, em 2014, ele começou a trabalhar informalmente no ramo de segurança patrimonial, mas sem carteira assinada ou registro profissional de vigilante, de acordo com o Sindvigilantes.

Para atuar legalmente na profissão, conforme o Sindicato, a pessoa precisa passar por um curso de 30 dias, que envolve noções de Direito Penal, uso de arma de fogo e defesa pessoal. A cada dois anos, o vigilante certificado tem de retornar ao centro de formação para um curso de reciclagem, de mais cinco dias.

O profissional também possui a Carteira Nacional de Vigilante (CNV), expedida pela Polícia Federal (PF). O documento representa a identidade funcional da categoria, que é obrigatória no serviço e vale por quatro anos. Além disso, o vigilante não pode ter antecedentes criminais.

Irresponsabilidade

Esse último quesito é o que mais depõe contra o suspeito de homicídio, segundo o presidente do Sindvigilantes-CE, Daniel Borges. "Se ele fosse legalizado, não poderia ter antecedentes criminais, e a arma dele também seria legalizada. Mas esse rapaz estava trabalhando clandestinamente, e o que aconteceu é irresponsabilidade tanto dele como de quem o contratou", afirma.

Para o representante da categoria, existe um mercado clandestino de segurança privada na Capital, que vende serviços a um valor inferior ao de mercado. Em Fortaleza, hoje, segundo Borges, cerca de 1.400 trabalhadores atuam na vigilância patrimonial armada, principalmente em agências bancárias, condomínios, escolas e outros estabelecimentos comerciais. O Sindicato ressalta que denuncia supostos profissionais clandestinos à PF, para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

Confissão

Tiago Rodrigo Ferreira Nunes se apresentou espontaneamente à Polícia Civil, no último sábado (11), e confessou ser o autor do disparo que matou Lucas Gomes, mas foi liberado. No fim desta semana, contudo, a Polícia deve pedir a prisão preventiva do ex-PM.

Lucas Gomes era universitário e morava no Bairro de Fátima. Na madrugada da sexta-feira (10), ele e alguns amigos iam lanchar em um estabelecimento da Avenida 13 de Maio. O local estava fechado e, por brincadeira, segundo os amigos, Lucas levou um dos cones de sinalização do local. Tiago Rodrigo viu o jovem entrando no veículo com o objeto e atirou contra ele. Um disparo atingiu Lucas na cabeça. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

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