Sem nunca ter sido preso, acusado do furto ao BC terá pena reduzida

A 12ª Vara da Justiça Federal do Ceará decidiu extinguir a punibilidade de 'Bode', pelo crime de formação de quadrilha

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@diariodonordeste.com.br

Passaram 13 anos desde o maior furto a banco da história do Brasil. O crime, que teve como alvo o Banco Central, em Fortaleza, permanece cercado por incógnitas. Dentre aquilo que nunca se resolveu desde o episódio, ocorrido no ano de 2005, está a prisão de um dos condenados. Ousado e silencioso, como no furto, Antônio Artenho da Cruz, o 'Bode', nunca foi, sequer, capturado. Porém, teve a pena, que nunca cumprirá, reduzida.

A defesa de 'Bode' foi comunicada, ontem, que a Justiça decidiu em favor dele pela extinção da punibilidade pelo crime de formação de quadrilha. Artenho da Cruz, no entanto, permanece na condição de foragido pelos crimes de lavagem de dinheiro e furto qualificado.

Artenho, nascido em Boa Viagem, a cerca de 220Km de Fortaleza, é o único envolvido no furto que nunca foi preso. Apesar da decisão expedida pela 12ª Vara da Justiça Federal do Ceará, não há previsão de que ele se entregue.

"Esclarecemos que encontra-se em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ), habeas corpus requerendo a decretação da extinção da pena em relação ao delito de lavagem de dinheiro, por atipicidade da conduta", disse a advogada Erbênia Rodrigues, que representa a defesa de 'Bode'.

Há pouco mais de um ano, em junho de 2017, o STJ decidiu reduzir a pena de Artenho de 27 anos e sete meses para 13 anos de prisão. Agora, a previsão, é que mais três anos sejam descontados da pena. A maior sentença contra ele foi proferida em decisão de janeiro de 2008.

Personalidade

Para a Justiça Federal, o acusado tem "personalidade desvirtuada e voltada para o crime, bem como suas condutas sociais reprováveis". A Polícia Federal (PF) identificou que ele foi um dos escavadores do túnel, que chegou ao cofre do BC. Em pelo menos duas situações, a Polícia esteve perto de capturar Artenho, que costumava visitar o pai, em uma fazenda, em Boa Viagem.

O furto ao BC ocorreu após três meses de planejamento e escavações. A quadrilha conseguiu sair de uma residência, e chegar ao cofre da instituição e furtar mais de R$ 164 milhões, no dia 5 de agosto de 2005, por meio de um túnel.

Durante os dez primeiros anos, 133 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF), sendo 94 destes condenados. Em setembro deste ano, Raimundo Laurindo Barbosa Neto, foi preso em Boa Viagem, pela PM.

Laurindo Neto é outro acusado de participar do crime que conseguiu permanecer foragido por mais de uma década. Enquanto estava solto, teria sido sequestrado duas vezes por outros criminosos.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados