Rebelião: interno morto e socioeducador refém

A PM levou14 jovens para serem ouvidos no 8º DP. A suspeita é que a confusão envolva as facções GDE e CV

Escrito por Emanoela Campelo de Melo - Repórter ,
Legenda: Adolescentes feridos foram medicados e depois levados à Delegacia
Foto: Fotos: Thiago Gadelha

A disputa entre facções criminosas voltou a motivar confrontos entre internos de um Centro Socioeducativo. No fim da manhã de ontem, um grupo de jovens, com idades entre 18 e 21 anos, deu início a uma rebelião no Centro Educacional Cardeal Aloísio Lorscheider (Cecal), no bairro Planalto Ayrton Senna. A briga deixou, pelo menos, seis pessoas lesionadas. Um interno ferido morreu a caminho do hospital.

Segundo a reportagem apurou, a desavença aconteceu por volta das 11h30, quando os infratores estavam em horário de almoço. Um dos socioeducadores chegou a ser feito refém, foi lesionado em um dos braços, mas não corre risco de morte.

O estado de saúde dos outros feridos, assim como a identidade do jovem assassinado, não foi divulgado pela Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas).

Em nota, a Instituição disse lamentar o ocorrido e que apoiará a família do adolescente morto. Não há informações sobre possíveis transferências dos infratores, entre equipamentos de socioeducação, após o ocorrido.

Nos arredores do Cecal, policiais militares contaram à reportagem que os internos utilizaram 'cossocos' (arma branca de fabricação artesanal). A suspeita é que 14 jovens infratores tenham participado da briga.

Algumas horas depois, o grupo de internos suspeito de iniciar a confusão foi escoltado pelo Grupo de Intervenção Tática da Polícia Militar (GIT) ao 8º DP (Conjunto José Walter), para prestar depoimentos.

Apologia

A caminho da Delegacia, alguns dos envolvidos comemoravam a rebelião. Mesmo na presença da PM, não se intimidavam de gritar "aqui é GDE", confessando serem parte da facção local. O bando foi submetido a exames de corpo e delito, na Perícia Forense do Ceará (Pefoce).

Até o fechamento desta edição, o procedimento permanecia em andamento e as autuações de cada um dos suspeitos não havia sido divulgada pelas autoridades que investigam os fatos ocorridos no Cecal.

Preocupação

Durante a tarde de ontem, dezenas de famílias estiveram no Cecal em busca de informações sobre o estado de saúde de seus parentes. A irmã de um interno, que optou por não se identificar, afirmou que dentro da unidade os jovens conversavam com psicólogas e assistentes sociais.

Conforme a mulher, a briga foi um alerta dos grupos rivais ao Governo, para separar os internos de acordo com a facção que integram. "Eles já pediram para separar completamente e já tinham ameaçado. Não acreditaram e eles tiveram que fazer isso para ver se separam de vez. Do jeito que está, vão continuar tendo contato. O que eu soube lá dentro é que a confusão foi entre GDE e CV. Já disseram que enquanto não separarem de vez, isso vai continuar. Lá dentro está tudo tenso. Muita movimentação de policiais", revelou.

A Seas acrescentou que acompanha as ações para a responsabilização administrativa e criminal dos envolvidos junto ao Sistema de Justiça.

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