Preso suspeito de ordenar chacina

Homem foi localizado com um fuzil e uma pistola que teriam sido usados para matar cinco pessoas em agosto

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,

Carlos Alexandre Alberto da Silva, o 'Castor', foi capturado após operação, escondido em Pacatuba, na RMF Delegados George Monteiro, da DHPP, e Osmar Berto, do 6º DP, atuaram juntos e conseguiram encontrar as armas escondidas em um sítio Foto: Kid Júnior

Um dos homens apontado pela Polícia como mentor da chacina registrada no dia 30 de agosto na Favela da 'Cinquentinha', bairro Tancredo Neves, em Fortaleza, foi capturado em uma operação da do Estado do Ceará (PCCE), envolvendo o 6º DP (Messejana) e a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Carlos Alexandre da Silva, de 39 anos, o 'Castor', seria o chefe de um grupo, incluindo o próprio filho, criado para defender o território por ele controlado. Nessa disputa, várias mortes foram registradas nos últimos anos na região.

'Castor' foi localizado na tarde de terça-feira (10), em um sítio localizado na zona rural de Pacatuba, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). No local onde estava escondido, o suspeito guardava um fuzil calibre 556 com dois pentes cheios - ou 95 balas intactas, além de 10 munições de calibre 12 e uma pistola ponto 45 com 13 projéteis. Todo o armamento, conforme as investigações, bate com o que foi encontrado no local onde as cinco pessoas foram mortas.

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Na chegada dos policiais, quis esboçar reação. Sacou a pistola, mas viu-se indefeso. O território havia sido invadido. Antes, havia revelado a amigos: não iria se entregar. Mas dessa vez, não pôde lutar por seu espaço.

Conforme o delegado titular do 6º DP, Osmar Berto, 'Castor' domina a área da 'Comunidade do Tasso' e lutava para conquistar espaço no tráfico de drogas na Comunidade da 'Cinquentinha', compreendendo a região dos bairros Tancredo Neves e Luciano Cavalcante.

Expandir

Ele, conforme o delegado, queria expandir o território e via no grupo rival um empecilho. Em depoimento, no entanto, alegou que viu o filho, Luan Brito da Silva, 21, era ameaçado por moradores da 'Cinquentinha' e buscou defender o descendente.

"Já há algum tempo, os traficantes da Comunidade da 'Cinquentinha' estão em guerra com a Comunidade do Tasso, em disputa por território do tráfico. Em meio a esta disputa, já há vários crimes de homicídio registrados. O evento de maior repercussão ocorreu no dia 30 de agosto, quando cinco pessoas foram mortas. Mesmo antes da chacina, a 4ª Delegacia da DHPP e o 6º DP já buscavam identificar as pessoas envolvidas nesses crimes", disse Osmar Berto. Conforme o delegado titular do 6º DP, o homem preso costumava intimidar os moradores daquela região da AIS 4 ostentando as armas de grosso calibre para demonstrar força e poder.

"'Castor' era um dos líderes, se não o principal, dessa organização criminosa. E as investigações apontam para a participação efetiva dele na chacina. Estamos diante de uma quadrilha bastante perigosa que faz questão de mostrar para toda a comunidade o poder que possui. Quando se ostenta em meio a uma comunidade uma arma desse tipo, você imagina o poder de intimidação que isso causa", ponderou o delegado.

"É fato que toda essa organização se expandia não só no bairro Tancredo Neves mas em todas as adjacências da Área Integrada de Segurança (AIS) 4. Essa atividade respingava em bairros vizinhos, como a Grande Messejana", completou.

Prisões

Já o delegado George Monteiro, da 4º Delegacia da DHPP, afirmou que a Polícia acompanha os passos de Carlos Alexandre Alberto da Silva e o restante do grupo criminoso desde o mês de julho, pelo menos. De lá para cá, diversas prisões de membros das facções criminosas de ambos os lados resultaram no desmantelamento das quadrilhas.

"Desde a morte de Antônio José Santos Santiago, o 'Zé Bocão', nos aprofundamos no sentido de identificar os fatores motivadores destes homicídios que vinham ocorrendo no bairro Jardim das Oliveiras. A partir daí conseguimos identificar os envolvidos em cada crime e efetuamos prisões, inclusive em flagrante, como do 'Malabin' (Erivaldo Muniz Pereira), chefe do tráfico, e seu sucessor, 'Baixinho' (John Lennon de Sousa), por homicídio cometido dias antes", afirmou Monteiro.

No último dia 26, o Diário do Nordeste publicou reportagem relatando o rastro de sangue deixado pela guerra declarada entre os dois grupos. Naquela edição do jornal, foram apresentados os nomes e fotografias dos quatro principais personagens ainda procurados pelos investigadores. Um deles, era 'Castor'. Os outros três, que permanecem foragidos, são o filho dele, Luan, Hélio Maik Lima, o 'Maikeira', e Robson Agostinho da Silva.

O delegado da DHPP relatou que a publicação do material ajudou os policiais a obter mais informações sobre a localização de 'Castor', bem como ainda serve para obter notícias acerca dos outros três foragidos.

"Atuamos em duas frentes, a da quadrilha do Malabin, e a do grupo do 'Maikeira' e Robson, líderes junto com o 'Castor'. Recebemos denúncias da localização deles, e com o auxílio da divulgação do rosto deles no jornal, foram identificados pelas pessoas que residiam nas imediações. Elas entraram em contato conosco e informaram o paradeiro do Alexandre", afirmou.

Carlos Alexandre, o 'Castor', estava com três mandados de prisão em aberto. Ao ser preso, confirmou que o fuzil encontrado no sítio, que estava abrigado em um buraco de um metro de profundidade, foi utilizado na chacina. Conforme a Polícia, 25 homicídios são investigados naquela região da Capital. Ao todo, 17 pessoas já foram presas por envolvimento nos crimes.

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