Prefeito, secretária e empresários são presos

A ação do Ministério Público do Ceará, apura crimes de fraude em licitação, associação criminosa e corrupção

Escrito por Messias Borges - Repórter ,
Legenda: Policiais civis estiveram na manhã de ontem na sede da Prefeitura de Paracuru cumprindo mandados de busca e apreensão
Foto: foto: Cid Barbosa

O prefeito de Paracuru, seus dois filhos, uma secretária municipal e três empresários foram presos durante a Operação Cascalho do Mar, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), ontem, para apurar crimes de fraude em licitação, associação criminosa e corrupção praticados no Município. Mais nove investigados - sendo cinco secretários da Prefeitura - foram conduzidos coercitivamente para prestar esclarecimentos.

A desembargadora Lígia Andrade de Alencar Magalhães expediu mandados de prisão preventiva e temporária, busca e apreensão, condução coercitiva e afastamento de gestores dos cargos públicos, após a investigação e o requerimento da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap), do Ministério Público.

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O prefeito de Paracuru, José Ribamar Barroso Batista, conhecido na região como Ribeiro (PSDB), de 85 anos de idade, seria inicialmente conduzido coercitivamente e afastado da Prefeitura, entretanto, uma arma de fogo sem registro foi encontrada com o político durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, e ele também foi preso em flagrante.

O filho de Ribeiro, Ranieri de Azevedo Batista, e os empresários Alonso de Melo Feitosa e Gabriel Ilário da Silva foram presos preventivamente. Já a filha do prefeito, que também era chefe de Gabinete da Prefeitura, Joana D'Arc Batista Carvalho; a secretária de Governo de Paracuru, Érica da Silva Brasil; e o empresário Ricardo Henrique Lemas foram presos temporariamente na Operação.

Foram conduzidos coercitivamente o presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura de Paracuru, Pedro Paulo Quirino; os secretários de Infraestrutura, Werley Sales Pinheiro; de Segurança Patrimonial, Cidadania e Trânsito, Sinval Ribeiro de Almeida; de Educação, Diana Jaqueline Mendes Meireles; de Saúde, Camylle Alcoforado Pinho Costa; e de Turismo, Cultura e Meio Ambiente, Ricardo de Azevedo Alves; o contador José Wellington da Silva; e os empresários José Luís Nunes Tavares e Sandra Elisabeth Arruda.

Segundo o Ministério Público, cinco empresas são investigadas pela suspeita de participarem do esquema criminoso: Petróleo Nosso (Paracuru); São Jorge Locação e Construção (Fortaleza); Terra Sol Transporte e Locações (Eusébio); Pádua Empreendimentos (Groaíras); e Onzemais Serviços e Locações (Fortaleza)

Ao todo, 28 equipes do Ministério Público, incluindo o Procap, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc) e Promotorias de Justiça de Fortaleza e do Interior, com o apoio das polícias Civil e Militar, cumpriram os mandados nos municípios de Paracuru, Fortaleza, Tauá, Eusébio, Caucaia e Groaíras, a partir de 4h30. Entre os imóveis alvos da Operação Cascalho do Mar estavam a sede da Prefeitura de Paracuru e a residência do prefeito Ribeiro, no Município.

Resultados

De acordo com a procuradora de Justiça Vanja Fontenele, coordenadora da Procap, os investigadores apreenderam armas de fogo, munições, dinheiro, farto material de provas e, em um posto de gasolina, foi encontrado combustível adulterado. Computadores, notebooks e celulares foram subtraídos para serem periciados pelo MP.

Os sete presos foram encaminhados ao Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC), da Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará (Sejus), no Município de Caucaia, e depois seriam encaminhados à Capital para prestarem depoimento para a investigação.

A reportagem esteve no Fórum Desembargador Adalberto de Oliveira Barros Leal, em Paracuru, onde aconteceram oitivas dos investigados conduzidos, e tentou entrevistar os promotores que participavam da Operação, mas eles afirmaram que não podiam falar. O advogado de um investigado também se recusou a conceder entrevista. O interrogatório dos suspeitos terminou por volta de 12h15. O policiamento do Fórum foi reforçado por policiais militares. Alguns dos investigados foram ouvidos na sede da Procap.

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