Policial militar assassinado havia prestado B.O. por ameaça

A Polícia recebeu informações que as ameaças começaram em 2017, após o subtenente reagir a um assalto

Escrito por Redação ,

Um relatório do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável por investigar o triplo homicídio contra os policiais militares, na última quinta-feira (23), aponta que uma das vítimas, o subtenente Sanderley Cavalcante Sampaio, de 46 anos, já havia sofrido ameaças de morte.

Nas diligências realizadas ainda na data dos assassinatos, a Polícia Civil recebeu informações sigilosas que, há cerca de um ano, o subtenente reagiu a um assalto e baleou uma suspeita, no bairro Vila Manoel Sátiro - onde ele morava e foi morto na semana passada. Depois do assalto, começaram as ameaças.

O documento, obtido pelo Diário do Nordeste, revela que a intimidação partia de dois homens, identificados como João Vitor, vulgo 'Biro', morto em uma outra ocorrência; e Wesley Feitosa, o 'Gererê', recolhido em uma unidade prisional estadual não especificada. "Após esses fatos, o subtenente prestou um B.O. (Boletim de Ocorrência) de ameaça", relaciona o relatório.

A investigação do DHPP trouxe ainda que os filhos do subtenente também vinham sendo ameaçados. Os avisos partiam inclusive de um jovem de apelido 'Luquinha'. Este é Lucas Oliveira da Silva, preso no último dia 23 de agosto, por suspeita de participar do assassinato dos militares, horas antes.

Único alvo

De acordo com a Especializada, quando a notícia das execuções se espalhou entre a vizinhança, muitos agentes de segurança compareceram ao local espontaneamente e contaram que o subtenente Cavalcante seria o único alvo da ação criminosa.

O relatório afirma ainda que, além de Fabiano Cavalcante da Silva - que já estava recluso em uma penitenciária do Ceará e foi o mandante dos homicídios, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) -, as mortes tinham sido aprovadas por um outro homem, identificado como Noé de Paula Pessoa, um dos líderes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE).

A reportagem apurou, no dia do crime, que Noé de Paula Moreira, um dos líderes da GDE e preso por ordenar a Chacina das Cajazeiras, teria autorizado o triplo homicídio de dentro do presídio. A defesa deste Noé nega que sejam a mesma pessoa.

Família nega

Durante o sepultamento de Sanderley Cavalcante, familiares negaram conhecimento de que o PM sofria ameaças. A cunhada de Sampaio, Maria das Dores, disse à reportagem que "a família não sabe nada sobre ele ter recebido ameaças, sobre ele ser um alvo, nada disso".

Ao ser questionado, Giodésio Freitas, primo do subtenente, ressaltou que qualquer pessoa pode ser vítima da violência. "Estamos à mercê dos bandidos em todo local. Meu primo era trabalhador e prestava um bom serviço", destacou.

A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) antecipou que Cavalcante foi executado com um tiro na cabeça. As outras vítimas do crime, o sargento José Augusto de Lima e o tenente Antônio Cezar Oliveira Gomes, ambos da Reserva Remunerada da Polícia Militar do Ceará (PMCE), foram alvejados mais vezes. Conforme a investigação, o sargento Augusto ainda tentou fugir dos assassinos e, por isso, era o corpo que tinha mais lesões.

Seis suspeitos foram autuados pelo triplo homicídio, segundo a SSPDS: Fabiano Silva, Lucas Oliveira, Francisco Wellington Almeida da Silva, Charlesson de Araújo Souza, Eduardo Vale de Lima e Rafael Mendes Almeida. Um homem foi morto em confronto com a Polícia e não foi identificado.

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