Polícia registra homicídios e tráfico no entorno de escolas

Alunos fardados foram capturados em posse de entorpecentes. Ontem, um estudante morreu a caminho da escola

Escrito por Emanoela Campelo de Melo - Repórter ,
Legenda: A venda de entorpecentes acontecia no entorno da escola estadual localizada no bairro Pajuçara, em Maracanaú
Foto: Foto: Reinaldo Jorge

Desde o início de 2018, reiterados episódios na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) mostram que mortes e tráfico de drogas vêm tomando os arredores das instituições de ensino. Na noite da última segunda-feira (16), dois jovens foram capturados em flagrante comercializando entorpecentes em frente à Escola de Ensino Médio (EEM) Professor Flávio Ponte, no Município de Maracanaú. E na tarde de ontem, um estudante foi morto a tiros em Pacajus.

Fardados, Francisco Luan Mesquita Chaves, 18, e um adolescente de 16 anos, faziam da frente da instituição, no bairro Pajuçara, ponto de venda de entorpecentes. Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), os suspeitos foram localizados após denúncia anônima.

Policiais militares do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) informaram que na diligência até o local, eles localizaram a dupla em atitude suspeita e realizaram a abordagem. De acordo com a Pasta, com eles foram apreendidas cinco pedras de crack.

Na casa do menor de idade, mais entorpecentes foram encontrados: 10 gramas de cocaína, 14 gramas de crack, além de uma balança de precisão e materiais para a preparação da droga.

De acordo com informações do delegado Paulo André Cavalcante, titular da Delegacia Metropolitana de Maracanaú, ainda na noite da segunda-feira (16), foi feito o flagrante.

"Nós somos os plantonistas. No outro dia o inquérito foi transferido para o 29º DP (Pajuçara). A Polícia Militar nos informou que os dois estavam com a farda da Escola Flávio Ponte", disse Paulo André. A Secretaria da Segurança disse que um ato infracional por tráfico de drogas também foi realizado na Delegacia Metropolitana de Maracanaú.

Medo

Na porta da escola, um funcionário, que optou por não se identificar, contou que o aluno de 18 anos, Francisco Luan, era um aluno desistente. "Ele ia e voltava pra cá. Passava uns tempos sumidos. Quando foi preso estava fardado. Nós sabemos que a escola está em uma região perigosa. Tanto, que temos vigilante particular. É uma das poucas com esse tipo de segurança. Particularmente, dentro do prédio eu nunca vi nada de droga", disse o servidor público. Uma adolescente aluna da instituição contou, sem especificar, que era amiga de um dos suspeitos que nunca viu o colega vender drogas, mas disse já ter o observando utilizando. "Já vi ele usando maconha em uma festa. Mesmo assim, quando tudo isso aconteceu fiquei surpresa, porque achei que ele não era metido nisso de venda", disse a estudante.

Questionada sobre se a ocorrência era do conhecimento da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), o órgão respondeu que, por meio da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) 1, está acompanhando o caso. De acordo com a Seduc, a escola está reforçando a vigilância no seu entorno. Acerca dos projetos de acompanhamento por parte dos colégios junto aos alunos infratores, a Secretaria da Educação respondeu que "além da inclusão da temática em sala de aula, a gestão escolar também busca estratégias de mediação com pais e alunos usuários de drogas".

Assassinatos

Ontem, um outro crime aconteceu próximo a uma instituição de ensino público. O aluno de iniciais T.S.A., de 15 anos, foi morto com disparos de arma de fogo no momento em que seguia para o colégio. A ação criminosa aconteceu no bairro Buriti, da cidade de Pacajus, também na RMF.

Segundo a SSPDS, equipes das polícias Civil e Militar realizam diligências na região com o objetivo de capturar os autores do homicídio, mas até a noite de ontem ninguém havia sido preso. A Secretaria da Segurança acrescentou que a Delegacia Metropolitana de Pacajus está à frente das investigações visando identificar a motivação do crime.

Há duas semanas, outra execução de estudante foi registrada. Um aluno da Escola de Ensino Fundamental e Médio Eunice Weaver, em Maranguape, foi assassinado dentro da sala de aula.

À época, um inspetor da Polícia Civil, que não quis ter sua identidade revelada, afirmou que a vítima pertencia a uma facção criminosa e era envolvida com drogas. O inspetor garantiu que, pelo menos, cinco criminosos participaram da ação.

Porém, a SSPDS informou oficialmente que dois homens participaram da execução. Eles teriam conseguido chegar até a vítima logo após pular o muro dos fundos do equipamento.

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