Polícia Civil e PF planejam canis para reforçar combate ao tráfico

Animais facilitam identificação dos entorpecentes em locais de difícil acesso e grande aglomeração

Escrito por Messias Borges - Repórter ,

Tanto a Polícia Civil como a Federal (PF) registraram crescimento expressivo na apreensão de drogas, no Ceará, neste ano. Para fortalecer ainda mais o combate ao tráfico de entorpecentes, as duas instituições planejam inaugurar canis, em 2018, voltados à criação e ao treinamento de cães farejadores que serão utilizados em operações policiais.

A Polícia Civil está com o planejamento mais avançado. A Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) recebeu o reforço permanente de dois cães da raça Pastor-belga Malinois em 2017 e já iniciou as obras para a construção do canil, ao lado do estacionamento da Especializada, localizada no bairro de Fátima, em Fortaleza.

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O uso dos cães farejadores em operações de combate ao tráfico de drogas se deu graças à ideia e à iniciativa de dois inspetores da Polícia Civil do Estado do Ceará, que adotaram os cachorros e começaram a criar e treiná-los para esse trabalho por conta própria. Paralelamente, os policiais começaram a se capacitar e a se preparar para serem adestradores dos seus cães.

Hoje, com pouco mais de dois anos de idade, os pastores-belgas Dingo e Billy já participaram de ações relevantes. Para o adjunto da DCTD, delegado Lucas Aragão, os animais potencializaram o trabalho da Divisão ao permitirem a fácil identificação da localização de entorpecentes em locais com grandes aglomerações ou de difícil acesso.

Cães-farejadores

Policiais fizeram questão de esclarecer que os cães não têm contato com os entorpecentes e tratam as buscas como uma diversão. Ao achar a droga, os animais são recompensados com um brinquedo

 

O delegado destacou o uso dos cães em uma busca por droga em um ônibus que tinha acabado de chegar ao Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, em Fortaleza. “No Carnaval deste ano, a Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas, recebendo a informação que ia ter um transporte de drogas, ao invés de devassar as malas de todo mundo no ônibus, utilizou o cão e pegou a droga”, contou. Na sequência da investigação, os policiais se deslocaram à origem do ilícito e conseguiram desbaratar toda a quadrilha, no Município de Aracati.

Em uma operação mais recente, no mês de novembro deste ano, a DCTD apreendeu 23 kg de maconha, no dia seguinte à prisão de um suspeito de tráfico de drogas, no bairro Sabiaguaba, na Capital. “A gente sabia que, em um terreno próximo tinha droga enterrada. Os policiais pegaram os dois cachorros, mapearam um terreno gigantesco e conseguiram encontrar, embaixo de um escombro, enterrado em mais de um metro, dois baldes contendo 23 kg de maconha”, detalhou Lucas Aragão.

A Polícia Civil já selecionou dois filhotes para iniciarem os treinamentos para a função. Segundo o delegado Lucas Aragão, o objetivo é que o canil da Divisão de Combate ao Tráfico, que deve estar pronto no início do próximo ano e ter quatro cães, sirva também a outras delegacias, em operações específicas, inclusive no Interior do Estado.Há cerca de cinco anos sem canil próprio, a Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) no Ceará pretende voltar a contar com esse reforço ainda no primeiro semestre de 2018. O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), delegado Aldair da Rocha, está entusiasmado com a possibilidade de ter esse incremento no combate ao tráfico de drogas, principalmente interestadual e internacional. O projeto ganhou ainda mais força com a experiência do cão Colt, também da raça Pastor-belga Malinois, que serviu à PF no Ceará durante o último mês de novembro, junto ao seu adestrador, um agente federal, cedidos pelo setor de Operações com Cães da Polícia Federal no Distrito Federal (DF).

Aeroporto

A dupla ficou lotada no Aeroporto Internacional Pinto Martins, na Capital. Segundo o delegado federal Aldair da Rocha, o número de ocorrências com apreensão de drogas triplicou no mês de novembro, no Aeroporto. Enquanto a média mensal do ano corrente era de duas ocorrências, a Polícia Federal registrou seis apreensões de drogas no mês passado.

Em uma das ocorrências, Colt detectou a presença de 2,8 kg de cocaína escondidos na bagagem despachada por um homem natural da Colômbia, que tentava embarcar de Fortaleza para Madrid, na Espanha. O colombiano foi preso em flagrante e responderá ao crime de tráfico internacional de drogas.

A experiência de um mês deixou a certeza da eficácia do trabalho dos cães farejadores no combate ao tráfico de drogas. “A gente tem visto nas polícias do mundo todo, inclusive aqui no Brasil, que a unidade canina presta aquele apoio mais sensível. O cão consegue não ter uma intromissão muito grande à pessoa. Ele evita, por exemplo, uma revista pessoal, que às vezes é muito constrangedora. Consegue selecionar as pessoas em um volume muito grande. É um trabalho sensível, rápido e com resultado”, afirmou o delegado federal Aldair da Rocha.

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