PM e empresário acusados de matar frentista são soltos

Todos os cinco denunciados pelo crime, agora, aguardam o julgamento em liberdade. Jovem não é visto há três anos. Para a investigação, ele foi assassinado por uma "milícia", a mando do patrão

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br

Um caso misterioso e que se distancia da punição. Um policial militar e um empresário, acusados de matar o frentista João Paulo Sousa Rodrigues, foram colocados em liberdade pela Justiça Estadual. Os outros três PMs que respondem pelo crime já estavam soltos. Três anos depois do sumiço do jovem, o seu corpo ainda não foi encontrado.

O Sistema Verdes Mares (SVM) teve acesso às decisões. O empresário Severino Almeida Chaves, o 'Ceará', proprietário do posto de combustíveis em que a vítima trabalhava e apontado pela Polícia como mandante do crime, foi solto no último dia 19 de dezembro. Um colegiado de juízes da 1ª Vara do Júri determinou que a prisão domiciliar - que o denunciado cumpria - fosse substituída por medidas cautelares, como comparecimento periódico na Central de Alternativas Penais, proibição de manter contato com os demais acusados e recolhimento domiciliar o noturno.

A decisão atendeu ao pedido da defesa de 'Ceará'. Os advogados Paulo Quezado e João Marcelo Pedrosa alegaram que o cliente se encontrava na mesma situação que os PMs colocados em liberdade, além de ter cumprindo rigorosamente com a prisão domiciliar, e solicitou que ele fosse beneficiado com a extensão da medida. O Ministério Público do Ceará (MPCE) foi de acordo com a revogação da prisão domiciliar.

Já o soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Elidson Temóteo Valentim foi solto através de habeas corpus deferido pela Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), no dia 12 de dezembro último. O desembargador relator justificou que o acusado não causa perigo à ordem pública. O PM terá que comparecer à Justiça com periodicidade e está proibido de sair de Fortaleza.

Para a investigação, Elidson e outros três militares, o sargento Haroldo Cardoso da Silva e os soldados Francisco Wanderley Alves da Silva e Antônio Barbosa Júnior, foram contratados pelo empresário 'Ceará' para matarem o frentista João Paulo.

Crime

O jovem foi visto pela última vez em 30 de setembro de 2015, na Avenida Cônego de Castro, no bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza. Imagens de uma câmera de monitoramente mostram uma viatura da Polícia Militar parando e os policiais abordando João Paulo, no momento em que o jovem (com 20 anos) se dirigia ao trabalho.

Conforme a denúncia do MPCE, o motivo que levou o patrão a planejar a morte do empregado foi a suspeita de que o novo frentista do Posto de Combustíveis Ceará II, recém contratado, estava ligado a um assalto que aconteceu no estabelecimento, durante o seu expediente.

'Milícia'

Para o Ministério Público, os servidores públicos acusados pela morte do frentista integram uma espécie de "milícia", formada dentro do 14°BPM (Maracanaú), comandada pelo sargento Haroldo e que teria feito mais vítimas em Fortaleza. Atualmente, o sargento está na Reserva Remunerada da PMCE, enquanto os soldados exercem apenas funções administrativas na corporação, enquanto a ação penal não é julgada.

Os quatro policiais militares e o empresário respondem por homicídio qualificado e organização criminosa. O processo concluiu a fase de instrução perante a Justiça e deve receber as alegações finais da acusação e das defesas nos próximos meses. Os advogados de defesa não atenderam as ligações ou não foram localizados pela reportagem.

 

 

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