Piloto de helicóptero do PCC é preso em condomínio de luxo

Felipe Ramos negociava delação premiada com a Polícia Civil do Ceará, mas foi capturado antes por policiais de Goiás

Escrito por Cadu Freitas - Repórter ,

Felipe Ramos Morais, de 31 anos, poderia estar escondido em muitos locais do Brasil; poderia ser no próprio Ceará ou em cidades fronteiriças a outros países da América do Sul. Contudo, o piloto acusado de participar das mortes de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue' e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', chefes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), resolveu exilar-se em um condomínio de luxo no município de Caldas Novas, em Goiás, a 170 km da Capital Goiânia.

Não passava pela cabeça de Felipe Ramos que, em torno de 11h30 da manhã de ontem (14), policiais da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de Goiás bateriam à sua porta munidos de denúncias da existência de um piloto morando ali que se utilizava de documentos falsos.

Felipe Ramos foi encontrado a partir de outra investigação, a qual apura o desaparecimento de um piloto na cidade de Anápolis, a 50 Km de Goiânia. Desde fevereiro deste ano, o delegado Valdemir Pereira da Silva, da Deic de Goiás, e seus investigadores realizam diligências à procura do piloto desaparecido. "Na semana passada, a Polícia Civil conseguiu apurar que na cidade de Caldas Novas, em um condomínio de luxo, estaria um piloto que fazia uso de documento falso", relatou Valdemir Pereira.

Uma equipe da Delegacia foi enviada ao Município e, no momento da abordagem, Felipe Ramos apresentou Cadastro Nacional de Habilitação (CNH) falso. "Ao interrogá-lo, ele confessou e, ao checar o nome, verificamos que tinha um mandado de prisão expedido pelo Ceará", disse o delegado, ao afirmar que ele foi autuado em flagrante.

Segundo o titular da Deic de Goiás, Valdemir Pereira, o piloto foi autuado em flagrante e deve ser encaminhado para o Núcleo de Custódia, um presídio de segurança máxima, situado na cidade de Aparecida de Goiânia. Após isso, deve passar por uma audiência e custódia e ser encaminhado para o Ceará. Felipe Ramos disse que usava o documento falso em razão do medo de ser morto.

Próximas ações

"Já comunicamos informalmente a prisão dele ao delegado da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) do Ceará e vamos enviar um ofício para prisão e cumprimento", afirmou o delegado. A reportagem do Diário do Nordeste apurou que o titular da Draco, Harley Filho, deve viajar à Goiânia para acompanhar as diligências da prisão.

Em nota, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) afirmou que o mandado de prisão temporária contra o piloto foi cumprido em Goiás. "Agora, equipes da Especializada cearense vão ao Estado, onde ocorreu a captura, para colher o depoimento de Felipe. As investigações acerca do crime seguem em andamento e a cargo da Draco", escreveu o órgão.

A prisão temporária de Felipe Ramos foi decretada em 3 de abril deste ano pela junta de juízes da Comarca de Aquiraz responsável pelo processo do caso das mortes de 'Gegê do Mangue' e 'Paca', na reserva indígena Jenipapo-Kanindé, em 15 de fevereiro de 2018.

Felipe Ramos estava em processo de negociação de uma delação premiada com autoridades cearenses e se mostrou apto a colaborar "com os trabalhos, estabelecendo a dinâmica do crime, o reconhecimento dos envolvidos, o encontro do helicóptero e das armas utilizadas", defendeu a defesa do piloto, ao questionar decisão da junta de juízes de Aquiraz negando a reconsideração da prisão temporária do suspeito.

O caso

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Felipe Ramos disse que não mantinha contato com nenhum dos integrantes do grupo e que a relação era apenas profissional, ressaltando que estava com medo de estar jurado de morte pela facção.

Ele é um dos dez indiciados pela morte dos líderes do PCC 'Gegê do Mangue' e 'Paca', que estavam morando em condomínios de luxo no Ceará.

De acordo com as investigações da Draco, Felipe Ramos levou os atiradores à reserva no helicóptero. Lá, eles ficaram aguardando a dupla. Momentos depois, em um novo voo, Felipe conduziu 'Gegê' e Paca' para a morte. Os corpos dos dois homens foram deixados em um matagal e os executores fugiram também por meio do helicóptero. (Colaboraram Messias Borges e Itallo Rocha)

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