Paraenses suspeitos do 'golpe do SMS premiado' são presos

No momento em que foram abordados, os dois paraenses apresentaram identidades falsas

Escrito por Redação ,
Legenda: Germano Silva Porelli e Inara do Socorro Duarte dos Santos são naturais de Castanhal, no Pará. Viviam em Fortaleza em uma área nobre, supostamente, dando golpes pelo telefone
Foto: Foto: Saulo Roberto

Um casal natural do Pará, que portava dezenas de documentos falsos, oito centrais telefônicas e quase mil chips de celulares, na última terça-feira (13) foi preso, por equipes da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF). A suspeita é que o vasto material, apreendido em uma residência, na Praia de Iracema, fosse utilizado para a prática de diversos crimes.

Segundo o titular da DDF, delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, a investigação começou a cerca de um mês, quando aproximadamente 40 documentos - sendo Registro Geral (RG) ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - foram enviados à Delegacia de forma anônima.

As identificações tinham nomes diferentes, mas a fotografia 3x4 era a mesma. O homem que aperecia na foto era Germano Silva Porelli, 34, natural de Castanhal, no Pará, que já era investigado pela Delegacia.

Durante as apurações, a DDF descobriu que a companheira dele, Inara do Socorro Duarte dos Santos, 30, também natural de Castanhal, estava envolvida com as falsificações. Ela foi a primeira a ser detida, em frente ao prédio onde morava Porelli, na Avenida Historiador Raimundo Girão, na Praia de Iracema.

A suspeita se apresentou com uma CNH falsa com o nome de Izabel aos policiais, mas acabou presa. Dentro do imóvel Germano Porelli, que tentou se passar por Heidi, também foi capturado. Na residência, foram apreendidos mais documentos falsos; oito centrais telefônicas ativas e conectadas a computadores; quase mil chips da mesma operadora; e talões de cheques.

Ao vistoriar um dos computadores, os investigadores acharam uma lista com milhares de números do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).

Atuação

"Na versão dele (Porelli), as centrais telefônicas eram para um trabalho de marketing político, mas não tem nenhum contrato com nenhum político. Nós acreditamos e estamos investigando que essas centrais estavam sendo usadas para as mais variadas modalidades de golpes, como o SMS premiado".

Para a posse das dezenas de documentos falsificados, o suspeito alegou que comprava passagens aéreas junto dos RGs e das CNHs, no site de anúncios OLX. "Ele quer encobrir a origem da identidade ou a participação ativa dele na formatação desses documentos falsos, para escapar da falsificação de documento público", afirmou o delegado.

Germano Porelli já havia sido indiciado pela Polícia Civil do Ceará por estelionato em duas ocasiões. Inara do Socorro não tinha passagens pela Polícia.

Além de estelionatário e falsificador, Porelli é apontado pela Polícia como 'hacker'. Ele foi preso na 'Operação Crtl+Alt+Del', da Polícia Federal (PF) do Pará, em 2008, por suspeita de integrar uma quadrilha que praticava crimes pela internet.

Outro caso

Jocilenna, Ana Cláudia, Jocilene, Regiane, Alexandra, Maria, Verônica e Juliana. Todas elas a mesma pessoa. Por vezes variando uma letra ou modificando o nome inteiro, Jorcilene Aragão Vale vinha emitindo identidades falsas e aplicando golpes. A suspeita de estelionato, já investigada pela Polícia Civil, desde 2017, foi presa em flagrante, na casa do pai, em Maracanaú.

Conforme o delegado Jaime de Paula Pessoa, Jorcilene Aragão, que se apresentava como empresária, não só burlava o sistema de emissão de identidade, mas também criava personagens falsos. "Ela tinha toda documentação, aparentemente, regular. Vivia como cada uma dessas personagens. Constituía empresa com esses nomes. Chegou a um ponto de abrir empresa que ela era sócia dela mesmo. Com as empresas constituídas ela ia atrás de linhas de crédito junto aos bancos", conta o delegado.

A Polícia Civil identificou seis empresas, com diversos nomes, registradas pela estelionatária. Em depoimento, Jorcilene contou que seus principais alvos eram o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. "O período de tempo que ela conseguia tirar as idades era curto. Em menos de 30 dias ela tirou três identidades. Nas fotos de alguns documentos vimos que nem a roupa ela mudou", afirmou o delegado.

Jaime Paula Pessoa acrescentou que o esposo da capturada, Francisco Adriano de Oliveira, também teria entrado para o esquema. O suspeito emitiu, pelo menos, quatro identidades falsas e também abria empresas de fachada. Até a noite de ontem, Oliveira permanecia foragido.

O titular da DDF ressaltou desconhecer o somatório dos valores obtidos por meio dos golpes aplicados pela dupla. Isso, conforme o delegado, porque com o uso das falsas documentações, a mulher pode ter vitimado não só as agências bancárias, mas muitas pessoas físicas.

Falhas

Para o delegado, a reiterada emissão de documentos por uma mesma pessoa poderia ter sido evitada, se existisse um sistema de identificação unificado e sem brechas. De acordo com Jaime Paula Pessoa, no depoimento, Jorcilene Aragão afirmou não ter recebido ajuda de nenhum servidor público. "Ela mesma diz que se aproveitou das falhas do sistema. Foi bem clara no depoimento. Diz que cresceu se valendo dessa fragilidade".

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