Revolta e emoção dos parentes durante liberação dos corpos na Perícia Forense

Familiares das vítimas afirmaram que a culpa das mortes é da insegurança em que o Estado se encontra

Escrito por Redação ,

Um misto de comoção e revolta tomou conta da sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) na manhã deste sábado (10). O dia seguinte à Chacina do Benfica, ocorrida no fim da noite de sexta-feira (9), foi banhado pelas lágrimas dos familiares que ainda tentavam compreender o que havia acontecido há poucas horas. 

A família de Carlos Victor Menezes Barros, 22, não se conformava. Filho único, Victor era conhecido pela paixão pelo time do Fortaleza e por esportes. “Ele adorava esporte. Surf, skate, nado”, relatou a tia da vítima, Cintia Sâmia, de 29 anos.

Conforme ela, Victor morava com a mãe e a avó, em uma casa próxima a dos tios. “Trabalhava em uma agência lotérica no bairro, o João XXIII. Não tinha passagens pela Polícia”, disse.

O marido de Cintia, Luércio Júnior, 28, endossou o que disse a tia da vítima, ressaltando as boas qualidades do sobrinho. “Era um bom rapaz. Ia fazer um curso de protético agora no meio do ano”, disse. 

Conforme o casal, Victor havia ido à praia e, ao chegar em casa, avisou à família que iria participar de um churrasco na sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), no bairro Benfica, com o amigo, Adenilton da Silva Ferreira, o “Mascote”, de 24 anos. 

“Ele sempre acompanhava o Fortaleza, em todos os jogos. Chegava até a viajar para apoiar o time”, disse Cintia. 

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O casal criticou a situação da Segurança Pública no Ceará. “Hoje, quem domina o Estado são os bandidos. A Polícia não tem recurso nem estrutura (para combater o crime). Os bandidos estão armados de pistolas e fuzis. E a Polícia só tem revólver 38. E quando eles (bandidos) se matam entre eles, infelizmente, acaba pegando em um inocente, como pegou em nosso sobrinho”.

A irmã de Emilson Bandeira de Melo Júnior, 27, também reclamou da insegurança. “Está fora do controle. Virou o caos. Nunca se viu tanta morte. O Estado perdeu o controle. Precisa de segurança, que não tem. Nós, trabalhadores, pagamos impostos e não temos resultado. Houve a chacina das Cajazeiras não tem nem dois meses, e agora mais uma. Onde vai parar?”, questionou Edna Melo, 46.

As famílias das demais vítimas, arrasadas com a perda dos entes queridos, optaram por não conversar com a imprensa.
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