Caso Dandara: depoimentos dos réus são encerrados; MPCE vê contradições em todos

Debate entre defesa e Ministério Público do Estado do Ceará deve durar cinco horas

Escrito por Redação ,
Foram encerrados, nesta quinta-feira (05), os cinco depoimentos dos réus julgados pelo caso Dandara. Agora, acontecem os debates orais, que envolvem Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e a defesa dos acusados.
 
Para o MPCE, os cinco entraram em contradição durante os depoimentos. “Todos são responsáveis pela morte de Dandara, todos acusados agiram por motivação homofóbica, com crueldade. A tese acusatória tem provas, áudios, laudos processuais. Os cinco se perderam em contradições. Chegamos ao momento dos debates com a tese acusatória mais fortalecida", destaca o assistente da acusação do MPCE, Hélio Leitão.
 
No debate, que teve início no começo da tarde desta quinta (05), representante do MPCE declarou que “o perdão o senhor peça ao todo poderoso. Aqui não é o Convento das Carmelitas. Aqui é o Tribunal de Justiça”, disse Marcus Renan Plácido, durante sua fala.
 
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O advogado Pedro Henrique Bezerra dos Santos, representante do réu Francisco Monteiro, afirma que seu cliente efetuou disparos. "Meu cliente confessa que deu os tiros. Agora, ele diz que, quando deu os tiros, ela (Dandara) já estava morta, porque não houve nenhuma reação, depois que ele deu os tiros", explica.
 
Ainda segundo o advogado, os debates devem durar cinco horas - duas horas e meia para cada uma das partes, defesa e MPCE.
 

 
"Eu quero pedir perdão a toda família" 
 
Francisco José Monteiro de Oliveira Júnior, o primeiro réu ouvido logo na abertura do julgamento às 9h55min desta quinta (05), na 1ª Vara do Júri julga, no Fórum Clóvis Beviláqua, descreveu a ação. "Eles comentaram que pegaram um cara roubando. Eu fui com eles. Cheguei lá e a vítima já estava morta (...) Eu dei dois tiros", disse.
 
Questionado sobre o motivo de ter atirado, José Monteiro argumentou: "menino novo vai pela cabeça dos outros. Ela já estava morta. Cheia de sangue e tinha uma pedra ao lado". Diante de alguns familiares de Dandara, o primeiro réu ouvido pediu desculpas: "eu quero pedir perdão a toda família. Hoje, eu sigo Jesus e aprendi que a gente tem que ter amor no coração".
 
"Não cheguei em momento algum para matar"
 
O segundo réu, Jean Victor Silva Oliveira, também admitiu as agressões. Trabalhando como ajudante de pedreiro, junto com o pai, em uma residência vizinha ao local onde aconteceu crime, Jean Victor Silva avistou a movimentação e buscou identificar o motivo. "Falaram que ela estava roubando e não aceitam isso lá. Eu nem sei o que passou na minha mente para fazer isso". 
 
Sem antecedentes criminais antes da morte de 'Dandara', Jean Victor comentou: "não cheguei em momento algum para matar". Após agressões com uma tábua de madeira, Jean Victor disse que deixou o local.
 
Julgamento deve ser concluído na madrugada de sexta (06), prevê MP-CE
 
O julgamento de cinco dos oito acusados pela morte da travesti Dandara dos Santos ocorre um ano e um mês após o assassinato, e pode ser concluído na madrugada desta sexta-feira (06), segundo previsão do Ministério Público do Estado. O caso ganhou repercussão internacional pela forma cruel em que Dandara foi morta - através de chutes, pedradas e tiros - e pela divulgação das imagens do crime na internet.
 
Eles foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e na corrupção de menores.
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